A chegada deste chinês não teve a discrição comum aos povos orientais, geralmente mais recatados. Inauguração de 50 concessionárias no mesmo dia - 18 de março -, progagandas no horário nobre da TV com o popular apresentador Fausto Silva, 54 pontos de vendas nos principais shoppings do País...

Mas será que isso tudo é só alarde ou o JAC J3 veio para ficar e ameaçar os concorrentes no segmento dos hatches pequenos? Para ajudar a responder a essa questão, promovemos um embate entre o chinês recém-chegado e os veteranos Fiat Palio, na versão Essence 1.6 16V Flex (R$ 36.860), e o Renault Sandero Privilège 1.6 8V Hi-Torque (R$ 41.490).

O J3 destaca-se pelo visual de linhas harmoniosas e elegantes. Com conjunto óptico e grade cujos contornos remetem aos traços de máscaras chinesas, tem visual marcante, desenvolvido no Centro de Design da montadora em Turim (Itália).

Sob o capô, o moderno motor 1.4 16V a gasolina - o 1.4 aspirado mais potente do Brasil -, com bloco de alumínio e duplo comando, entrega 108 cv de potência a 6.000 rpm e torque de 14,1 mkgf a 4.500 rpm. Rodando, o modelo agrada pelo conjunto de suspensão equilibrado, que absorve bem os impactos para a cabine sem ser mole demais. O desempenho é bom: o modelo é um pouco lento nas saídas e retomadas, mas reage bem ao comando do acelerador após os 4.000 giros. O câmbio é razoável: poderia ter engates mais suaves. Às vezes a alavanca salta um pouco nas mudanças de marcha.

A direção hidráulica é leve, facilitando as manobras, mas um pouco mole demais em alta velocidade. O acabamento agrada. É fato que há muito plástico, mas de boa qualidade e bons encaixes.

O melhor de tudo é o nível de equipamentos: por R$ 37,9 mil, o hatch vem com ar-condicionado, direção hidráulica, freios com ABS e EBD, air bag duplo, acionamento elétrico de vidros, travas e retrovisores, faróis de neblina, CD player com seis alto-falantes e entrada USB, rodas de liga leve de 15" e sensor de estacionamento.

O grupo SHC, do experiente empresário Sergio Habib, que foi presidente da Citroën do Brasil, pretende passar confiança ao consumidor em relação à manutenção, oferecendo garantia de seis anos de para-choque a para-choque, preço fechado de revisão e assegurando que os carros não ficarão parados por falta de peças de reposição. Além disso, 242 modificações foram feitas no veículo para deixá-lo de acordo com o gosto do brasileiro.

CONCORRENTES - O velho conhecido Palio, que vai mudar em breve, agrada pelas boas saídas e pelo conjunto harmonioso com o câmbio. Sua suspensão valoriza o conforto, o acabamento e espaço são bons. Com preço inicial mais baixo dos três, seu valor sobe para R$ 45.423 se colocarmos nele quase tudo que o J3 tem de série (com exceção do sensor de estacionamento), uma diferença de consideráveis R$ 7.523. A garantia de fábrica é de um ano.

O Sandero é uma ótima opção no segmento pelo seu espaço tanto para ocupantes como no porta-malas, desempenho, manobrabilidade e nível de equipamentos nessa versão. Porém, se acrescentarmos air bag duplo e ABS, seu preço salta para R$ 44.140, R$ 6.240 a mais que o J3. Sua garantia é de três anos.

VEREDICTO - Se você não é conservador, considere optar pelo bom custo-benefício do JAC. É fato que a marca está se instalando no País agora e não há como ter certeza sobre a reposição das peças, mas o grupo que está trazendo a marca é forte e conhece bem o mercado brasileiro. O Sandero continua sendo uma ótima opção, com bom custo-benefício e confiabilidade da marca. O Palio também carrega a confiabilidade da marca, mas precisa agregar equipamentos para manter a competitividade. Espero que a Fiat reveja isso em breve, quando de sua renovação.