A Anfavea possui uma proposta de política industrial para o setor e, embora não divulgue os detalhes, o que poderia afetar expectativas do consumidor, informa que contemplaria não só a redução do impacto da carga tributária na aquisição dos veículos, mas também a desoneração do custo dos investimentos, um programa de financiamento, aperfeiçoamento nas regras de retomada dos bens, entre outros pontos. A idéia é abranger produção, vendas, propriedade e utilização dos veículos, segundo o presidente da Anfavea, Rogelio Golfarb.
Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, durante visita à fábrica do grupo PSA Peugeot Citroën, em Porto Real (RJ), que o governo federal intermedeia um programa de estímulos para a indústria automotiva. E, há poucos dias, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luís Fernando Furlan, afirmou que o governo poderá parcelar o recolhimento dos impostos cobrados sobre os automóveis, como parte de alternativas estudadas em conjunto com a Anfavea. Historicamente, as medidas em discussão representam uma segunda tentativa de política industrial, já que no início dos anos 90 houve a intenção de estabelecer uma câmara setorial para a indústria automotiva.
Golfarb afirmou que a proposta da associação das montadoras é um esboço, que ainda deverá ser alvo de negociação durante pelo menos os próximos seis meses com o governo e com toda a cadeia do segmento, incluindo a indústria de autopeças e os sindicatos de trabalhadores. "Precisamos de uma visão de longo prazo que dê segurança ao investidor", disse.
O dirigente afirmou ainda que há a necessidade de um novo ciclo de investimentos. Em 1994, os investimentos do setor somaram US$ 2,2 bilhões e havia 210 modelos de veículos no mercado, o que dá em média US$ 10 milhões por modelo. Em 2003, com aportes de US$ 1,3 bilhão, o mercado passou a ter 500 modelos, ou seja, US$ 2,6 milhões por modelo. Golfarb calcula que seria preciso chegar a US$ 6 milhões por modelo.
Para o consultor Fernando Rolim, da Rolim Consult, é fundamental uma política industrial para um setor que representa 10% do PIB (Produto Interno Bruto) Industrial do país. "Existe necessidade grande de investimentos e que o governo incentive a atividade do ponto de vista do consumo para que mais pessoas tenham acesso ao carro", disse. Ele avalia ainda que o país tem potencial para um mercado interno acima dos 2 milhões de veículos.
Metalúrgicos - O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopez Feijóo, afirmou que o fato de atualmente a Anfavea querer uma política setorial de longo prazo reforça uma idéia que ele já defendia. "Chega de política emergencial. Não adianta ficarmos em uma política de quebra-galho", disse. Mas ele ressaltou: "Para ter o nosso apoio, tem de ter contrapartidas sociais", afirmou.
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