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Missao da OIT é recebida com críticas na Birmânia
Do Diário do Grande ABC
24/05/2000 | 13:25
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Uma delegaçao da Organizaçao Mundial do Trabalho (OIT) começou, nesta quarta-feira, uma rodada de entrevistas com a junta militar no poder em Rangum sobre o trabalho forçado, enquanto a imprensa oficial criticava impiedosamente a instituiçao das Naçoes Unidas com sede em Genebra.

A missao de cooperaçao técnica da OIT, formada por três membros, negociará durante três dias com os dirigentes birmaneses a aplicaçao de recomendaçoes da OIT contra o recurso aos trabalhos forçados.

Trata-se da primeira missao procedente da sede da OIT que chega à Birmânia. A delegaçao chegou na noite de terça-feira a Rangum. ``A OIT perdeu sua dignidade e tem menosprezado sua funçao principal, a definiçao dos direitos dos trabalhadores', assinalou o jornal anglófono New Light of Myanmar (novo nome da Birmânia).

O jornal, porta-voz da junta, acusou a OIT de servir aos interesses ``neocolonialistas' da Gra-Bretanha (ex-potência colonial no país) e Estados Unidos. ``Uma lástima para a OIT', concluiu o diário.

Segundo um comunicado da organizaçao, publicado em Genebra, as conversaçoes giram em torno da ``aplicaçao de recomendaçoes' de uma missao de investigaçao de 1998, que considerou que o recurso ao trabalho forçado e obrigatório estava muito estendido por todo o país.

Segundo o diretor geral da OIT, o chileno Juan Somavía, ``o único objetivo da visita é estabelecer com o Governo birmanês um plano de açao confiável para garantir a plena aplicaçao das recomendaçoes da comissao'.

A comissao de investigaçao de 1998, que informou sobre centenas de depoimentos diretos, pediu a Rangum que mude sua legislaçao para respeitar a convençao de 1930 sobre essa violaçao dos direitos humanos.

No último dia 22, uma organizaçao nao governamental norte-americana denunciou que a companhia petrolífera norte-americana Unocal e outras duas européias (Total e Premiere) sabiam do uso de trabalho forçado na Birmânia antes de empreender um projeto de construçao de um gasoduto nesse país.

EarthRights International considera provado, à luz dos documentos de que dispoe, que os dirigentes da Unocal ``sabiam da existência da probabilidade da utilizaçao de trabalho forçado antes de ir à Birmânia e mais ainda que o trabalho forçado era endêmico a seu projeto'.

O grupo petrolífero francês Total (TotalFinaElf) desmentiu categoricamente na terça-feira que tenha recorrido a trabalhadores forçados durante as obras de construçao desse gasoduto.

``Jamais houve qualquer trabalho forçado em nossas obras. Trabalhamos segundo nossas próprias regras, nossos próprios padroes', declarou o diretor de Comunicaçao do grupo, Michel Delaborde.




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