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‘Petistas estão de nariz empinado’
Lola Nicolás e Juliana de Sordi Gattone
Do Diario do Grande ABC
08/05/2007 | 07:00
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Evitando falar do papel da oposição na CPI do Apagão Aéreo, a postura do deputado federal e presidente interino do PSDB, Mendes Thame, muda quando o assunto é governo. Segunda-feira, durante visita ao Diário, o tucano não poupou críticas aos petistas.

“O governo não tem pressa. Tempo não existe para o presidente Lula.” Em relação ao desempenho do PT no Congresso, o deputado não ameniza. “Houve uma mudança no grau de inclinação do nariz dos petistas, que empinaram o nariz no mínimo mais 15 graus e não conversam mais com a oposição.”

Crise aérea - O principal problema é a falta de investimentos. Estamos defasados tecnologicamente, em estrutura física, faltam mais aeroportos em São Paulo – onde teve aumento da demanda que não foi acompanhada pela qualidade de serviços – e faltam investimentos em informática, Tem de fazer cronograma de investimentos que não ocorreram.

CPI - O que a CPI pode fazer é apontar ações para a crise aérea e uma escala de prioridades. Amanhã (nesta terça-feira) começa a CPI. Vamos ver como será. O bloco do governo tem dois terços e vão no início mostrar posição de bloqueio. Vamos tentar pelo menos investigar e ter alguma coisa útil a revelar sobre o funcionamento do sistema. Acredito que os conflitos entre os partidos não serão deixados de lado para obter resultado. Até porque a essência do parlamento é o conflito. É um sistema dialético, onde há oposição e situação e não há lugar para quem está no meio. Independentes não existem.

Acidente da Gol - Acho que tem de ser ponto de partida da CPI porque é aquilo que realmente motivou todo conhecimento da crise. O acidente mostrou que estávamos vivendo perigosamente, ao lado do inimigo, de braços dados com a tragédia sem ter noção do risco. Tem de ver o que deu errado no caso particular para entender o geral.

Governo Lula - Nada tem ocorrido nos últimos quatro anos. É governo niilista, não faz nada dar certo. É apologia do estado mínimo. Paradoxalmente, nunca se viu o estado crescer tanto no custeio de contratação de servidores. Estamos criando um leviatã que vai pesar sobre toda a população brasileira. O governo todo tem tido uma posição extremamente acomodada. Tem obtido imenso êxito mercadológico e tem aplauso fácil da torcida. Então, governo não tem pressa. Aprovamos no ano passado a lei que reduziu a um os impostos pagos por micro e pequenas empresas e, até agora, o governo não sancionou.

Reforma política - O que hoje está piorando a qualidade de representação política é o voto proporcional no estado inteiro. Defendo o voto distrital. O custo da campanha despencaria, ficaria mais barato, e o grau de conhecimento dos eleitos seria maior e, por sua vez, o eleitor teria condição de ter deputado ao alcance.Mas pessoas que se elegem com base em muitos recursos não querem. Porque seriam comparadas com candidatos de melhor gabarito em seus distritos. Voto distrital melhora de forma impressionante a qualidade de representação. Precisamos melhorar legislação para criar salva guardas para proteger erário público.

Representatividade - Acho que a Câmara tem bons representantes, mas poderia... Vamos dizer assim: eles refletem o perfil da população. Mas para melhorar, só o voto distrital, que aumente o percentual de pessoas com vínculo, tementes à opinião pública e à prestação de contas.

Qualidade - Não dá para fazer comparação entre a legislatura atual e a da época da Constituinte. É difícil. Cada momento vive uma situação. Naquela época a preocupação era de corrigir algumas injustiças, tanto é que algumas coisas colocadas foram desequilibradas. É a questão do pêndulo, quando solta ele vai para o outro lado, não fica no meio. Demora para chegar no meio termo. Mas não se chega como eles estão fazendo, criando transatlânticos da alegria. Criando cargos, aumentando gastos...

Congresso - Hoje, 80% dos votos da Câmara são a favor do PT. Nesse cenário, apenas quem pode nos salvar é o Senado. Depois que o PMDB passou a apoiar o PT formou um bloco monopólico. Houve uma mudança no grau de inclinação do nariz dos petistas, que empinaram o nariz no mínimo mais 15 graus e não conversam mais com a oposição. É uma motoniveladora, que passa por cima da oposição e não discute mais projetos. Com 80% dos votos, para quê discutir? É situação difícil.

Assembléia - A diferença entre a Câmara e a Assembléia é simples.Aqui, o governo tem 55% dos deputados. Isso é uma coisa, porque é necessário discutir com o colégio de líderes, que opina sobre a colocação de itens na pauta. Mais quando tem 80%, como é o caso do governo Lula, não tem mais nem o que discutir. Só comunica colégio de líderes. Essa situação é sufocante.




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