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Gente do ABC - Revelando a história de Diadema
Por Marco Borba
Do Diário do Grande ABC
03/03/2007 | 20:03
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A história das ruas e personagens essenciais ao desenvolvimento de Diadema serão contadas em livro. Não, não se trata de uma historiografia encomendada a um escritor de renome. A razão de determinado logradouro ganhar nomes na maioria das vezes de anônimos ou políticos responsáveis pela emancipação da cidade será contada por Walter Adão Carreiro, 67 anos, aposentado autodidata que saiu do interior paulista (São Manoel) com 7 anos para fugir da penúria.

Casado e pai de cinco filhos, Carreiro diz que o interesse pela história de Diadema surgiu quando se aposentou, em 1992. “Comecei a pesquisar a origem dos nomes das ruas porque em uma reunião na casa da professora Sylvia Ramos Esquivel – esposa do primeiro prefeito da cidade, Evandro Caiaffa Esquivel – perguntaram por que algumas ruas recebiam nomes de pessoas e quase ninguém sabia quem eram essas pessoas.”

Segundo Carreiro, a cidade tem cerca de 2 mil ruas. “Só falta pesquisar cerca de 100.” Ainda não há previsão de lançamento do livro. “Espero que em breve. Para deixar do jeito que eu quero, vai ficar um pouco caro.”

Para saber a origem dos nomes, o aposentado recorre aos cartórios, cemitérios e a antigos moradores da cidade. “O cemitério é a verdadeira história de uma cidade. Está tudo ali.” O livro também terá espaço para histórias de personagens anônimos e figuras públicas, além de fatos que marcaram o desenvolvimento da cidade.

Entre os anônimos, conta, algumas linhas deverão ser dedicadas ao gari negro José Luiz da Silva (já falecido), cidadão querido conhecido como Meia-Noite. “Em 1952, a Light tinha começado a instalar os primeiros postes de iluminação pública e deixou um buraco na rua. Ele (Silva) voltava do serviço à noite e não viu o buraco. Ao cumprimentar amigos que estavam no Empório Lusitano, o Meia-Noite caiu lá dentro. Dizem que de cabeça para baixo. Falei com a esposa dele e ela confirmou o tombo, mas não que tenha sido de cabeça para baixo como espalharam.”

Entre as personalidades, conta, um dos destaques é para a atuação de Esquivel no processo de emancipação da cidade. “O pessoal do bairro Eldorado e de Piraporinha era muito ligado ao Lauro Gomes (então prefeito de São Bernardo). Na época, Diadema era distrito de São Bernardo e houve resistências, mas ele fez um bom trabalho de convencimento e não demorou muito a cidade se emancipou.”

Outro destaque, aponta, foi a atuação do jurista Miguel Reale, em 1948, para elevar a então Vila Conceição à condição de Distrito. “A Assembléia Legislativa aprovou, mas era preciso mudar o nome, porque em São Paulo já havia um bairro com esse nome”

Mas e o nome Diadema, de onde veio? “Diadema é o nome da coroa que fica na cabeça de Nossa Senhora. E o Reale sugeriu esse nome para coroar os santos que dão nome às outras cidades da região (Santo André, São Bernardo e São Caetano)”.

Os relatos acima são apenas um aperitivo para quem, assim como Walter Carreiro, se interessam pela história da cidade onde moram. Agora, é esperar o livro e viajar na leitura. Quem sabe você, cidadão de Diadema, não descobre que o nome de sua rua foi dado em homenagem a um parente distante, que você sequer sabia que existia!




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