Política Titulo Levantamento
Maioria na região quer impeachment, mas avalia que Temer não é solução

No Grande ABC, 64% pregam saída de Dilma, porém
58% acham que crise não reduz com o peemedebista

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
22/12/2015 | 07:25
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Agência PT/Divulgação


Região onde o PT foi criado, o Grande ABC, em sua maioria, defende o impeachment da presidente da República, Dilma Rousseff (PT). Porém, não vê como solução um eventual governo do vice-presidente Michel Temer (PMDB). É o que mostra o levantamento feito pelo DGABC Pesquisas, a pedido do Diário.

No total, 64% dos entrevistados são favoráveis à saída de Dilma pelo processo de impedimento que tramita no Congresso Nacional – 30,1% são contrários e outros 5,4% não sabem. Por outro lado, 58,4% dos moradores avaliaram que se Temer chegar ao poder a crise econômica continuará.

O pedido de impeachment que está na Câmara Federal foi formulado pelos juristas Miguel Reale Júnior e Hélio Bicudo e pela advogada Janaina Paschoal. A base do documento são as ‘pedaladas fiscais’, atraso de pagamentos do governo aos bancos públicos para quitação de benefícios sociais – o TCU (Tribunal de Contas da União) considerou empréstimo de instituições à União, prática vedada pela Constituição Federal.

A cidade onde há maior registro de favoráveis ao impeachment é Santo André, onde 68,3% se posicionaram pela queda da petista – outros 26,3% defendem o mandato da presidente da República.

Diadema foi o município onde existiu registro de maior número de adeptos à manutenção de Dilma, com 32,8%. Na cidade administrada por Lauro Michels (PV), oposição ao PT, 62,3% querem novo governo. O município foi o primeiro a ser governado por um petista – Gilson Menezes, em 1982 – e passou três décadas sob gestões de lideranças criadas no petismo. A hegemonia foi quebrada em 2012 por Lauro, político nascido no PSDB.

Em São Bernardo, onde o prefeito é Luiz Marinho (PT), 63,3% responderam que são favoráveis ao impeachment de Dilma e somente 31,5% se manifestaram contra. Marinho se gaba de ser um dos prefeitos com maior influência junto ao governo federal por sua proximidade com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Tradicional berço do antipetismo no Grande ABC, São Caetano curiosamente registrou números abaixo da média regional. Foram 62,5% de aceitação à destituição de Dilma contra 28% de apoiadores do mandato da petista.

Em Mauá, governada por Donisete Braga (PT), houve o menor número de favoráveis ao impeachment – 60,5%. Os contrários à saída da chefe da Nação foram 31,8%.

Nas outras cidades, em Ribeirão Pires houve 64,3% de defensores da queda da petista contra 31,5% e em Rio Grande da Serra (onde o tucano Gabriel Maranhão é prefeito, o único do PSDB no Grande ABC), 62% querem Dilma fora do governo contra 30,3%.

DIVISÃO
A população jovem do Grande ABC é a que mais prega a saída de Dilma Rousseff do Palácio do Planalto. Dentre os entrevistados com idade de 16 a 24 anos, 68,1% são favoráveis ao impeachment. Entre os de 25 a 34 anos, o número chega a 69,1%. O menor índice de rejeição à petista está na faixa etária de 45 a 59 anos: 57,9%.

Pela escolaridade, o maior número de defensores do impedimento de Dilma está entre quem declarou ter o Ensino Médio completo (66,5%), seguido por quem tem o Ensino Fundamental completo (64,9%). Entre os moradores com Ensino Superior concluído, 59,2% querem a chefe da Nação fora do comando do País, enquanto outros 36,5% apoiaram a continuidade do governo.

Na divisão pela renda familiar, o grupo de pessoas que afirmaram ganhos de até um salário mínimo (R$ 788) liderou lista de críticos da presidente da República. Foram 68,2% de favoráveis ao impeachment contra 23,2% de defensores de Dilma. O menor índice de rejeição da petista foi registrado em quem recebe acima de cinco salários mínimos (R$ 3.940) – 59% pregam a queda de Dilma contra 36,7%.

O DGABC Pesquisas ouviu 2.800 pessoas entre os dias 14 e 16. A margem de erro é de 2,9 pontos percentuais.

Somente 15,1% acreditam que vice-presidente melhora economia

Se a maioria dos eleitores do Grande ABC acredita que a presidente da República, Dilma Rousseff (PT), deve sofrer impeachment, a região não vê no vice-presidente Michel Temer (PMDB) a figura que fará com que a crise econômica nacional seja superada.

O DGABC Pesquisas levantou, a pedido do Diário, a opinião popular sobre eventual governo Temer e, para 58,4%, os problemas financeiros enfrentados pelo País continuarão. Outros 20,4% avaliam que a instabilidade tende a aumentar com o peemedebista no comando do Brasil. Somente 15,1% vislumbram acerto das contas com Temer – outros 6,1% não souberam responder.

A cidade mais cética quanto a uma gestão de Michel Temer é Ribeirão Pires, curiosamente administrada por um peemedebista, Saulo Benevides. Apenas 12,8% dos ribeirão-pirenses creem em melhora da economia com o vice-presidente à frente do País. Outros 17,5% preveem piora do quadro, enquanto 65% analisam que Temer pouco mudará o cenário.

Na outra ponta está Diadema, governada por Lauro Michels (PV). Lá, 18,3% dos diademenses esperam por acertos econômicos com Temer, enquanto 18,5% aguardam por deterioração das finanças públicas e 56,3% estimam manutenção da crise.

Em Santo André, 61% responderam que o quadro continuará ruim com Temer, contra 21,3% de pessimistas e outros 13% de otimistas. Em São Bernardo, 58,3% de eleitores responderam que o vice-presidente não solucionará os problemas, contra 21,5% de pessoas que acreditam no aumento da crise e 14,3% na redução.

Já em São Caetano, foram 56,5% de opiniões pela manutenção da instabilidade financeira com Temer (19,8% acham que a crise se estende e outros 16,5% que haverá redução). Mauá e Rio Grande da Serra registraram números parecidos – 55% dos mauaenses e 56,5% dos rio-grandenses preveem cenário semelhante com Temer, enquanto 20% dos moradores de Mauá e 19,8% de munícipes de Rio Grande vislumbram piora do quadro econômico brasileiro.

POR FAIXA
Os mais desconfiados em relação a eventual governo de Michel Temer são pessoas com faixa etária de 25 a 34 anos (63,1% de citações de que a crise economia continuará igual), com Ensino Médio completo (63%) e com renda entre dois e cinco salários mínimos (60,9%).

Os defensores do vice-presidente estão entre os que têm 45 a 59 anos (16,8% que acham que os problemas serão superados com Temer), com Ensino Superior completo (21,1%) e com renda familiar acima de cinco salários mínimos (17,4%).  




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