Sem terminal rodoviário e com apenas cinco opções de linhas municipais, Rio Grande da Serra oferece para os usuários do Transporte público uma grande dor de cabeça quando o objetivo é tentar se deslocar pela cidade. Com frota de apenas 15 veículos divididos entre as linhas, a Viação Talismã – empresa responsável pelo transporte de ônibus até 2025 – além de enfrentar dificuldades para atender toda a extensão do município, sofre com concorrência da Viação Rigras, empresa intermunicipal que, mesmo com tarifa maior, acaba captando boa parcela dos passageiros.

Em visita feita ontem pela equipe do Diário à Estrada Guilherme Pinto Monteiro, o que se notou foi a falta de infraestrutura para acessar o Transporte público de Rio Grande da Serra. O local que é utilizado de forma improvisada como um ponto central para embarque e desembarque de passageiros nada mais é que uma via de duas faixas na região central da cidade, que se torna um caos nos horários de pico. De um lado há o principal ponto de táxi do município, com aproximadamente dez veículos estacionados. Do outro, a entrada da Estação Rio Grande da Serra, da Linha 10 – Turquesa da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), que divide a calçada com dois pontos sem nenhuma informação para os passageiros.

“Infelizmente fomos obrigados a entender todo esse mecanismo louco sem orientações, só pelo hábito mesmo. Apesar de ter somente dois pontos demarcados, os moradores daqui já sabem que, na realidade, há três”, relata a oficial de cozinha Helena Oliveira da Silva, 28 anos, que explica o funcionamento do terminal improvisado. “Logo que você sai da estação é um ponto, na sequência, onde tem um poste, fica o (embarque do) Vila Lopes e, por último, o do Vila Niwa.”

A auxiliar de limpeza Arlete Ribeiro, 34, afirma que a confusão para embarcar em ônibus não se limita ao Centro da cidade. “Preciso caminhar cerca de dez minutos para chegar ao ponto mais próximo da minha casa”, relata a moradora, que ainda revela problemas com opções de linhas. “Muitas vezes, por conta da demora de ônibus da Talismã, preciso pegar um veículo intermunicipal e pagar mais caro”. Atualmente, a frota municipal tem tarifa de R$ 3,40. Já a frota intermunicipal tem variação de preço entre R$ 2,80 a R$ 5,65.

A Prefeitura de Rio Grande da Serra reuniu-se em 2013 com diretores da EMTU (Empresa Metropolitana de Transporte Urbanos) para pedir a adesão ao programa Propolos – criado com base nas premissas do Sivim (Sistema Viário de Interesse Metropolitano) – que tinha objetivo de implantar um terminal rodoviário no município, mas ainda não há sequer projeto. “Prometeram a construção do terminal, mas nunca mais falaram nada”, relata o sócio-proprietário da Talismã, Leandro Ricardo Pereira.

Ao todo, a Viação Talismã coloca diariamente em operação de dez a 12 veículos, sendo que desses apenas cinco são acessíveis para deficientes. Os três restantes ficam na reserva.

Talismã reclama de concorrência desleal com intermunicipais

De acordo com o sócio-proprietário da Viação Talismã, Leandro Ricardo Pereira, apesar de a empresa ter conquistado em 2010 a licitação para operar o serviço de transporte de ônibus em Rio Grande da Serra, a concorrência com a Viação Rigras, que opera ônibus intermunicipais, prejudica a prestação de serviço. “Eles fazem competição desleal. Ganhamos a concorrência, da qual eles sequer participaram, para atender a demanda de Rio Grande da Serra. Entretanto, eles acabam invadindo território de bairros que pertencem a nós. Essas linhas intermunicipais deveriam apenas operar nas vias principais, de um município para o outro. Já abrimos processo e aguardo o andamento.”

Procurada, a Viação Rigras informou que opera quatro linhas intermunicipais no município, todas devidamente regularizadas pelos órgãos concedentes, cumprindo rigorosamente os itinerários e horários determinados.