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Câncer de pênis pede séria prevenção
Melina Dias
Do Diário do Grande ABC
21/09/2010 | 07:12
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Higiene diária com água e sabão. O hábito simples evita o câncer de pênis, certamente o mais devastador para o homem - já que em casos avançados é necessária a retirada cirúrgica do membro. Quem alerta é o professor e regente da disciplina de urologia da Faculdade de Medicina da Fundação ABC, doutor Antonio Carlos Lima Pompeo, que recentemente publicou estudo internacional sobre o tema.

A doença é rara em países desenvolvidos, mas é a quarta na lista das mais frequentes no aparelho urinário-genital do brasileiro, atrás apenas dos cânceres de próstata, bexiga e rim.

"Em geral atinge pacientes de classe social baixa, que além das más condições de higiene, apresentam fimose, são fumantes e possuem antecedentes de doenças venéreas, como HPV", relata Pompeo.

Após os 50 anos, os homens, assim como as mulheres fazem desde a puberdade com seus ginecologistas, devem se consultar ao menos uma vez por ano.

A qualquer momento, no caso do aparecimento de uma feridinha que não cicatriza, geralmente na extremidade do pênis, é necessário consultar um médico. Doutor Pompeo conta que essa lesão não chega a ser dolorida, mas incômoda. O brasileiro tende a protelar com o uso de pomadinhas, ‘consulta' ao farmacêutico e só quando a situação se agrava recorrer ao médico.

Mesmo quando o urologista diagnostica o câncer o paciente continua em busca de paliativos. "A frase deles é ‘deve existir algum remédio para isso'. Depois, voltam em fase mais adiantada", lamenta.

"Estágios mais avançados da doença levam fatalmente a óbitos ou à retirada do pênis", informa doutor Pompeo. No Brasil, dados mais recentes indicam 3 casos a cada 100 mil homens na faixa etária dos 50 anos.

Modernos tratamentos de quimioterapia podem controlar ou curar o tumor em fase disseminada em somente 20% dos casos.

"Há possibilidade de tratamentos mais conservadores e também da reconstrução peniana, a exemplo do que ocorre com o câncer de mama. Nesse caso, a finalidade é apenas estética já que é nula a retomada da função erétil", afirma o urologista da Medicina ABC.

O médico conta que o impacto da cirurgia é terrível para o homem. E muitos preferem não operar a iniciar uma sobrevida nessas condições. Nesses casos, doutor Pompeo sabe que seus pacientes necessitam de apoio psicológico e não se furta à responsabilidade.

"Claro que o ideal é ter o acompanhamento também de um psicólogo especializado, mas cabe ao urologista dar suporte psicológico a seu paciente."

Mesmo antes da chegada nesse ponto drástico do combate à doença, o portador de câncer no pênis sofre marginalização e tem bastante comprometida a qualidade de vida.

"Como a lesão quando cresce é mal cheirosa, necrosada e solta líquido ele é rejeitado pela parceira e às vezes até do convívio social", relata o especialista.

Daí a importância da prevenção. O brasileiro ainda carrega alguns preconceitos contra a circuncisão, mas deve saber que a operação da fimose é auxílio fundamental para evitar não só o câncer, mas doenças sexualmente transmissíveis, como o HPV.

O urologista explica que a retirada de parte da pele da extremidade do pênis facilita, e muito, a higienização do local. A própria roupa quando o homem é circuncidado ajuda na limpeza da área. Parar de fumar ou diminuir o número de cigarros é outra recomendação.


Especialista orientou estudo com equipe internacional
A disciplina de Urologia da Faculdade de Medicina do ABC, por meio do professor Regente Antonio Carlos Lima Pompeo, assina a capa da revista científica Urology, uma das mais conceituadas no mundo dentro da especialidade e que acaba de publicar edição especial sobre câncer de pênis.

O estudo mundial Penile Cancer, também sob coordenação do doutor Pompeo, foi concluído após dois anos de revisão da literatura médica e já havia sido editado em forma de livro, cujo lançamento ocorreu em novembro de 2009 em Xangai, no Congresso Internacional de Urologia.

A edição de 6 mil exemplares do livro foi totalmente esgotada e, devido ao interesse despertado, a SIU (Sociedade Internacional de Urologia) decidiu imprimir este ano o número especial da Urology, convidando o especialista da FMABC para ser o editor.

Trata-se da primeira vez que um brasileiro coordena um estudo mundial da SIU, entidade fundada em Paris em 1907. Pompeo coordenou equipe de 50 especialistas de várias partes do mundo.




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