Economia Titulo Orçamento doméstico
Calotes caem em
2014 no Grande ABC

Dívidas em atraso recuam 4 pontos percentuais
e são 21% do rendimento médio das famílias

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
26/10/2014 | 07:05
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Denis Maciel/DGABC


As famílias da região estão menos inadimplentes neste ano, revela pesquisa do Inpes-USCS (Instituto de Pesquisas da Universidade Municipal de São Caetano). De 2013 para cá, houve queda real – já descontada a inflação – de 9,9% no valor médio das dívidas atrasadas por mais de 30 dias.

Em reais, o montante por família passou de R$ 522 para R$ 470. Esse valor, agora, representa 21% da renda média familiar da região. Em 2013, eram 25%.

Para o gestor do Inpes-USCS, Leandro Prearo, o resultado é positivo, pois reflete melhor condição financeira das famílias, tendo em vista que a renda disponível tende a estar maior. Mas o resultado, em sua avaliação, não é fruto de melhor controle dos consumidores. “É mais influência do ambiente.”

Prearo observa que as famílias tem sofrido influência psicológica da desaceleração econômica atual. “Não que realmente tenha influenciado diretamente, mas estão mais cautelosos em relação a gastos.”

O consultor financeiro e professor do Instituto Educacional BM&FBovespa André Massaro avaliou que o resultado também tem impacto da insegurança dos trabalhadores em relação à manutenção do emprego, e, claro, em relação à economia.

“No Grande ABC, não muito diferente do que no restante do País, os serviços são os quem mais empregam. Mas a indústria continua muito forte. E principalmente o empregado deste setor está inseguro”, avalia Massaro, citando o caso das montadoras, que têm demitido trabalhadores, como exemplo.

CONCEITO - No País, o principal indicador de inadimplência é apurado pelo BC (Banco Central) com base no volume em atraso, após 90 dias do vencimento, das parcelas de operações de crédito. No caso do recorte do Inpes-USCS, os 30 dias também são considerados como calotes, tendo em vista que contas de água, luz e telefone nestas situações, normalmente, geram avisos de cortes de serviço.

“No caso de dívidas com cartão de crédito então, com juros que chegam a até 12% ao mês, o atraso de 30 dias gera um custo bem maior”, observou Prearo.

Na ponta do lápis, um empréstimo em cartão de crédito com os juros apontados pelo gestor do Inpes-USCS no valor de R$ 1.000 seria o suficiente para gerar R$ 120 de juros após 30 dias de atraso após o vencimento da fatura.

EDUCAÇÃO - Apesar de as famílias apresentarem redução em suas dívidas em atraso, que na média chegou a R$ 52 na comparação entre 2013 e 2014, Massaro não acredita que isso resultará em melhoria na educação financeira desses consumidores.

“Eu posso até falar em nome de outros colegas que estão acostumado em lidar com educação financeira. Eu acho muito difícil que essa queda tenha uma função didática. No passado, todas as situações parecidas, em que algo parecido acontecesse, isso nunca se demonstrou”, diz Massaro. Ele acrescenta que a partir do momento em que o nível de confiança sobe novamente, não há manutenção do conservadorismo. 




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