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Aprendendo a perder

Não é sempre que venceremos jogos, disputas e
provas; por isso, aprender a não ganhar é importante

Caroline Ropero
Do Diário do Grande ABC
25/08/2013 | 07:00
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Divulgação


Ninguém gosta de perder uma competição, tirar nota baixa ou não passar num teste. No entanto, não há como fugir de situações como essas durante a vida. Afinal, nem sempre vamos acertar ou vencer. Por isso, aprender a ouvir ‘não’ é muito importante.

Quem curte esportes entende que o time preferido ou do qual faz parte nunca vai ganhar todos os jogos. Para Pedro Henrique Costa, 10 anos, isso acontece quando o grupo adversário tem melhor desempenho. “No jogo seguinte tentamos melhorar e tomamos cuidado para não errar as mesmas coisas”, diz o garoto, que treina no América Futebol Society, em Santo André.

E tem mais. Os atletas precisam aceitar que, às vezes, não serão titulares e ficarão no banco de reservas. “Não dá para todos jogarem ao mesmo tempo. E cada um precisa ter a chance de ir para o campo”, afirma Pietro Henriques Calegon, 10. Apesar de não gostar da ideia de ficar sentado, Davi Albuquerque da Costa, 8, aceita quando o professor pede que fique no banco. “É um pouco chato, mas normal que aconteça.”

APRENDIZADOS - Quando não conseguimos o que queremos, é natural ficarmos chateados. Mas experiências desse tipo nos ensinam a lidar com as decepções, que também vão ocorrer no futuro. Haian Vilas Boas Santos, 9, acredita ainda que isso nos mostra como controlar as emoções. “A gente aprende que não pode ficar com raiva dos amigos (que ganham).”

Quem aceita ser corrigido terá mais vantagem na vida adulta do que os que preferem fazer birra. Aquele que ouve e respeita a decisão dos pais, por exemplo, conseguirá fazer o mesmo com o futuro chefe. Além disso, saber perder faz com que a pessoa seja mais equilibrada e evita que se torne violenta e insatisfeita com a vida.

Lidar com a derrota pode parecer complicado, mas fica mais fácil se lembrar que haverá chances para tentar novamente. E quando a oportunidade chegar, é legal ter em mente que ficar em primeiro lugar não significa ser mais feliz. Independentemente da posição que tiver numa competição ou do ‘não’ que escutar, sempre valerá a pena se a experiência for divertida. 

Bailarina também ouve não
No ano passado, Luara Santos Silva, 10 anos, fez prova para participar de um curso de balé em Miami, nos Estados Unidos. Aluna da Associação Passo a Passo, de Diadema, a menina ensaiou muito e se esforçou na hora da avaliação. Mesmo assim, descobriu que, dessa vez, não conseguiu a vaga. “Fiquei triste e chorei porque queria muito passar. Mas gostei de participar.”

Na opinião de Luara, a experiência foi importante, pois aprendeu como os testes funcionam. “Já sei o que preciso fazer e vou me esforçar ainda mais na próxima vez.”

Para Kailany Gonçalves Silva, 10, perder também ensina a dar mais valor às coisas. “Aprendemos a ter disciplina e ficamos maduros. Se ganhar sempre, a pessoa pode ficar chata e se achar melhor do que os outros.”

Outra situação comum para as bailarinas é aceitar a posição em que a professora as coloca no palco. Às vezes, durante a coreografia, é necessário ficar em filas atrás das colegas. “Nem sempre é do jeito que a gente quer. Mas não me importo, porque gosto muito de dançar”, diz Luana Martins Marques dos Anjos, 9.

Participar é mais importante do que vencer
Os alunos do Colégio Ábaco, de São Bernardo, costumam participar da competição escolar de handebol. O torneio deste ano ainda não começou, mas Maria Clara Anacleto Fragnani, 7 anos, está ansiosa pela disputa. “Vou treinar bastante porque quero ficar em primeiro lugar.” A menina garante, porém, que se o time não vencer não vai desistir. “Acho que ficarei triste na hora, mas vou continuar animada para tentar na próxima vez.”

Lucas Bival, 8, conta que seu time já conquistou a medalha de ouro na competição. “Nas vezes que perdemos as partidas, alguns jogadores até choraram, ficaram decepcionados. Mas fomos melhorando e conseguimos vencer no final.”

Chorar é natural e faz parte da experiência. É modo de expressar o que se está sentindo. Só não vale culpar o amigo ou partir para a violência por causa da derrota. Tem de lembrar como foi legal brincar e que, mais importante do que vencer, é participar. Kauê Kazuyoshi Elias Kawamoto, 9, acredita nisso. “O melhor é se divertir e fazer amizades. Se perder, não pode ficar bravo.”

Isabela Quiroga Matias, 6, não curte disputar competições, mas já participou de corrida de bicicleta com os amigos por brincadeira. “Fico dando voltas porque gosto de pedalar.”

Para muitos, tirar nota baixa parece uma derrota. “Mas se for mal numa prova, é só estudar mais para a outra”, diz Kauê.

Larissa Manoela nem sempre passou nos testes
A atriz Larissa Manoela, 12 anos, conhecida por interpretar Maria Joaquina na novela Carrossel, conta que participou de vários testes para conseguir trabalhos na TV, no cinema e no teatro. “Aprendi muito com as vezes que ouvi ‘não’. Ficava triste, mas depois pensava: ‘bola para frente’”, diz a garota, que participa de audições desde os 5 anos. “Meus pais me ensinaram que não podemos ter tudo o que queremos. Sempre digo para nunca desistir dos sonhos. Se não deu certo agora, vai dar em outro momento. Novas oportunidades vão continuar surgindo.”

Consultoria da psicóloga Maria Regina de Azevedo, professora do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina do ABC, e da psicopedagoga Sandreilane Cano.




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