Quem afirmou que não haveria dinheiro público nos investimentos para a Copa de 2014 agora finge que não disse nada.

Direta ou indiretamente, principalmente nos estádios particulares, serão aplicados recursos públicos que deveriam ser canalizados para outras benfeitorias. Corinthians, Internacional e Atlético-PR não me deixam mentir.

A febre da Copa ainda nem começou no País. Quero dizer daquele envolvimento emocional, com as mensagens utópicas e ufanistas que sempre antecedem esses eventos.

Quando a Globo entrar na parada decisivamente, quando os anunciantes vincularem suas mensagens à Copa de 2014, autoridades e torcedores vão querer que suas cidades e ou estados também participem da festa. Para isso aceitam gastar o que precisar. Mesmo que tenham dito que não gastariam.

MANO MENEZES

Quem mais vai sofrer até a Copa, se chegar lá, é o técnico da Seleção. Será cobrança de todo lado. E se o Brasil não sair campeão, só Deus sabe o que estará reservado para Mano e os jogadores convocados.

Se o Mundial fosse hoje não teríamos time e muito menos maturidade para encarar tamanha responsabilidade. Ficou provado na Copa América que a transição será complicada e que o peso da responsabilidade recairá sobre comissão técnica e jogadores.

O exemplo de 1950, muitos anos depois, está vivo na história, que cá entre nós, é implacável. Como dizia o saudoso Vicente Matheus: "é uma faca de dois legumes".

NEYMAR FICA

Inteligente e amadurecida a decisão do atacante santista. Ao dizer não para o Real Madrid, Neymar foi frontalmente contra seu empresário, Wagner Ribeiro. Amigo do presidente do clube espanhol e querendo a transação para ganhar a comissão, o procurador teve de enfiar a viola no saco.

Prevaleceram também os conselhos de Neymar pai, que conversou com amigos experientes e entendeu que seu rebento tem muito tempo para ganhar milhões de euros na Europa.

Pesou também o salário de Neymar pago pelo Santos, quase R$ 800 mil por mês. Cá entre nós, dinheiro que poucos jogadores recebem em qualquer lugar do mundo.

Neymar tem a chance de ser campeão mundial inter-clubes pelo Santos e passar para a história do clube e do futebol brasileiro. Mas aí a chance fica bem mais remota, principalmente pela qualidade do futebol do Santos nos últimos jogos.

Márcio Bernardes é âncora da rede Transamérica de Rádio e professor universitário. http://www.marciobernardes.com.br/