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Um dia com o presidente da Câmara de Santo André
Por Daniela Dahrouge
Especial para o Diário do Grande ABC
02/04/2006 | 08:28
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Em uma rua da Vila Palmares, às 8h30, Luiz Zacarias (PL), presidente da Câmara de Santo André, se prepara para sair de casa, sempre no mesmo horário. Dois moradores trocavam com ele as primeiras palavras do dia. Até anoitecer muitas outras viriam, entonadas por agradecimento, cobrança, amizade, e até mesmo, por ressentimento. O parlamentar não deixa passar uma pessoa sem erguer a mão para cumprimentá-la. "Moro no Palmares há 44 anos. Aqui eu conheço todo mundo."

De carro, o vereador decide visitar as residências atingidas pelo forte temporal de dias atrás. Antes, confere o serviço dos funcionários da Defesa Civil, que lavam as ruas cheias de barro e cheirando a esgoto. "Gosto de verificar se as coisas estão sendo feitas. Depois pago um lanche para os rapazes", afirma.

Para os que perderam móveis na enxurrada, Zacarias aconselhou a fotografar tudo para cobrar o ressarcimento do Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André). "Um dos problemas do bairro é o não ligamento do Coletor-Tronco nas proximidades. Esse é um problema antigo que tem que ser resolvido", cobra o vereador. O celular dele não pára de tocar. Em uma das ligações alguém informa que no Posto de Saúde da praça Aúrea acaba de chegar uma mulher, que se deslocou de cadeira de rodas desde o bairro Sacadura Cabral. O vereador se encontra com Severina Maria da Conceição, 85 anos, paralítica por causa de um derrame. O parlamentar tenta encontrar um veículo para transportá-la até sua casa, mas, diante da dificuldade, resolve ele mesmo levá-la embora.

Benedita da Costa Santos revela que todo mês empurra a cadeira de rodas da sogra até o posto de saúde. "Solicitei uma vez que o médico viesse em casa, mas me falaram que ela estava sendo bem tratada e que não precisaria do atendimento domiciliar", conta.

Apelidos – "Minha princesa, minhas crianças, meus amores." Assim Zacarias trata as pessoas com quem cruza o caminho. Algumas olham para ele com rosto de indagação do tipo "quem é ele?"; outras retribuem a gentileza: "Oi, vereador" ou "Oi, Luizinho". Segundo Zacarias, chamá-lo de Luizinho já lhe deu muita dor de cabeça. "O pessoal me parava na rua para perguntar se eu tinha sido cassado. Achavam que eu era o deputado Luizinho, que quase foi cassado", diz.

Mas nem todos chegam para falar com ele com simpatia. Um pouco mais tarde, em visita a avenida Lauro Gomes, no mesmo bairro, uma "chuva" de problemas. Os moradores se aglomeram ao redor de Zacarias para reclamar da falta de asfalto, dos ratos (que, segundo eles, "mais parecem cachorros"), das enchentes, entre outros problemas. O presidente do Legislativo andreense incentiva a população a se mobilizar para reivindicar seus direitos. "Os politícos é que têm de se virar. Nossa parte já foi feita nas urnas. Em outubro vamos fazer um churrasco", critica Vera Lúcia Rique.

Na hora do almoço, Zacarias deixa de lado o corpo-a-corpo com a população e retorna para casa, a tempo de ver a mulher, Marlene, saindo apressada para levar os filhos Bruna e Lucas à escola. O vereador se satisfaz com um pão caseiro, recém-assado, e assiste a um pouco de televisão. Não consegue prestar muita atenção às imagens da telinha, já que o telefone – tanto o fixo como o celular – não pára de tocar. "Atendo cerca de 35 ligações por dia, fora as que não atendo, que nem sei quantas são."

O descanso é rápido e o chefe da Câmara se prepara para retornar ao batente. Veste terno e gravata e se dirige para o Legislativo. Questionado se prefere enfrentar a população ou os vereadores, Luiz Zacarias não vacila. "A população", responde. "Agora a Câmara está mais tranqüila, mas tinha um período, depois da eleição para a escolha da presidência da Casa, que estava complicado ir para lá", diz, lamentando que depois que virou presidente, tem menos tempo para sair às ruas.

Já no gabinete, Zacarias olha o caderno de recados, despacha documentos, atende municípes e acerta os últimos detalhes sobre a sessão que está para começar. O assunto em pauta é o projeto de lei de uso, ocupação e parcelamento do solo. A sessão se estende até as 21h, quando chega o fim do expediente. Depois de conferir dois eventos na cidade, o parlamentar segue para casa. Segundo ele, são seis horas e meia de sono, para no dia seguinte enfrentar, praticamente, a mesma rotina.

(Supervisão de Lola Nicolás)




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