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‘Somos uma empresa jovem, mas com história’
Por Nilton Valentim
Do Diário do Grande ABC
11/04/2022 | 00:01
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Divulgação


A marca Prometeon surgiu em 2017, a partir da divisão da parte industrial da Pirelli. A unidade de Santo André da companhia produz pneus para caminhões e ônibus e também para tratores e outros maquinários para a produção agrícola. Na última semana, a empresa anunciou investimento de R$ 60 milhões para aplicação em laboratório de testes e ampliação em 20% da linha voltada ao agronegócio. 

Eduardo Fonseca comanda as operações da empresa para as Américas há dois anos. Ele destaca a importância da planta andreense para os negócios do grupo e também da bagagem herdada pela companhia. “Ter vindo de um grupo de sucesso como a Pirelli ajudou bastante a ter sucesso, mas a gente melhora a cada ano”.

Na última semana a empresa anunciou investimento de R$ 60 milhões em Santo André para desenvolvimento de laboratório de testes e aumento na capacidade de produtos para o agronegócio. O senhor poderia detalhar este aporte?

Na planta de Santo André temos a produção de pneus agrícolas, tanto convencionais quanto radiais. A tecnologia do pneu radial é mais nova e existe uma demanda muito grande para que se utilize essa tecnologia nos tratores e colheitadeiras por uma questão de performance das máquinas e também de qualidade da semeadura, porque esse pneu tem uma capacidade de compactação do solo. A pressão de mercado por esses pneus é muito grande, e a nossa ação de aumentar a capacidade produtiva em 20% é uma resposta a essa demanda de mercado. Principalmente das montadoras de tratores instaladas no Brasil.

Em Santo André são fabricados quais tipos de pneus?

A gente fabrica duas famílias de pneus em Santo André, os radiais de caminhão e os agrícolas, tanto convencionis quanto radiais.

São quantos funcionários na planta?

Está próximo dos 2.000 funcionários.

A Prometeon surgiu da Pirelli em 2017. É possível fazer um balanço da evolução nestes cinco anos?

A herança que a Pirelli deixou é muito positiva. A Pirelli tem uma história de sucesso no Brasil. Então, a gente ter nascido na separação de um grupo de sucesso como a Pirelli foi realmente um passo positivo para uma empresa nova. Trouxemos a tecnologia Pirelli para dentro de casa e nos últimos cinco anos trabalhamos muito forte para que a empresa pudesse ter uma identidade própria e que possa começar a desenvolver pneus com a nossa própria engenharia. Essa separação de administração e de engenharia da Pirelli já aconteceu em quase toda a sua totalidade. Estamos nesse trajeto. Mas, com certeza, ter vindo de um grupo de sucesso como a Pirelli ajudou bastante a ter sucesso, e a gente melhora bastante a cada ano. Somos uma empresa jovem, com história antiga de produto, mas com administração e vida própria jovens. Eu acredito que em cinco anos a gente cresceu muito em todas as áreas, e esse crescimento é uma resposta do trabalho duro de todos da equipe. 

Qual a importância da fábrica de Santo André para a operação global da Prometeon?

Eu acredito que Santo André sempre teve uma importância muito grande, mesmo quando era Pirelli, e uma empresa muito maior, com (fabricação de pneus de) caminhão, carros e motos. Sempre foi uma planta muito importante e, dentro do grupo Prometeon, tem uma representatividade enorme e a gente quer manter essa importância por muitos e muitos anos. Acreditamos que este investimento no agro vem provar que a companhia pensa em Santo André com um carinho muito especial. 

Quais os planos da Prometeon para a fábrica de Santo André a curto e médio prazos?

Qualquer coisa que eu falasse sobre isso não estaria sendo muito honesto, porque ideias sempre existem. Toda empresa pensa em como crescer, como fazer melhor, como atender uma demanda de mercado. Mas hoje nós só temos planos. Acho que aprovar esse projeto do agro e o laboratório é o que tínhamos de mais importante no curto e médio prazos. Temos de nos concentrar em entregar esses investimentos de uma maneira rápida e eficiente para que possamos pensar nos próximos.

O senhor recebeu CEO mundial da Prometeon, Roberto Righi, na última semana. Ele saiu satisfeito com o que encontrou?

Tirando a parte confidencial, posso contar que foi uma visita muito positiva e o Roberto ficou muito feliz com o progresso da empresa, tanto em termos de mercado quanto de qualidade dos produtos, melhoria de produtividade, e acho que a aprovação do investimento que fizemos agora no mercado agrícola é consequência da confiança que ele tem na região e no nosso time. Foi uma visita de muito sucesso.  

Recentemente o governo reduziu os impostos para a importação de pneus. Como isso impacta a atividade das empresas sediadas no Brasil?

A gente não tem medo do importado. A gente acredita que o nosso produto é de altíssima qualidade e o nosso cliente entende essa qualidade tanto em termos de performance de primeira vida quanto em termos de recauchutagem, já que isso é tão importante em um pneu de caminhão. Agora, a maneira como foi feito, com uma queda de imposto de importação de 16% para zero, em janeiro de 2021, e essa queda abrupta foi um pouco complexa para nós, pois não estávamos preparados e nós tivemos de nos adaptar de uma maneira muito rápida a uma entrada de pneus em volume muito maior no mercado, e muitas vezes de qualidade inferior, e tivemos de nos adaptar. E isso embaralhou um pouco as peças. Foi prejudicial para a gente como empresa. Da maneira como foi feito, de uma hora para outra, causou uma certa perplexidade na matriz, porque países geralmente não fazem esse tipo de atuação, eles checam com o setor diante de uma ação complexa como essa, e a gente acabou sofrendo um pouco. Ano passado tivemos investimentos cancelados porque não ficou muito claro como ia ficar o mercado, tanto pela pandemia quanto por este fator. Tivemos de começar muita coisa do zero.

Como é a sua sua trajetória na empresa?

Eu trabalhei na Pirelli de 2011 a 2015, sempre na área de manufatura, fui diretor de duas fábricas da Pirelli. Acabei saindo, porque tive oportunidade em uma empresa do ramo de consumo e acabei retornando à Prometeon em outubro de 2019, inicialmente como responsável por todas as operações de manufatura, logística, desenvolvimento de produto e qualidade, e seis meses (abril de 2020) depois acabei me tornando CEO da empresa na região e neste mês estou completando dois anos no cargo. Aredito que tem sido um privilégio. É uma empresa fantástica. Não somos gigantes, como outras empresas do setor, mas temos uma agilidade e um dinamismo muito grandes. E o que eu posso dizer é que temos uma das melhores equipes do segmento aqui no País. Se a economia e a situação do câmbio, que para nós é muito importante, ajudarem, algumas ideias que temos hoje podem se tornar realidade em termos de crescimento.

Na sua opinião, qual o futuro da indústria pneumática?

A indústria pneumática de carros eu acho que vai ter uma transformação mais rápida em termos de tecnologia de produto e até mesmo da função do produto no veículo. Mas para caminhão e ônibus também vai ter um avanço bastante grande, e as empresas vão ter de se adaptar a fazer produtos que talvez sejam muito diferentes do que são hoje daqui a dez anos. Então a gente vai continuar, com certeza, a ser um dos líderes de mobilidade do Brasil, mas grande de que o nosso produto será bem diferente do produto que fabricamos hoje. 

Quais foram os impactos da pandemia para a Prometeon?

A pandemia impactou mais no coração, porque tivemos o falecimento de colaboradores (em número bem pequeno), mas a pandemia foi muito bruta. Isso foi o mais difícil. Depois teve a parte financeira, tivemos de nos adaptar com vendas mais baixas no começo e depois houve uma reação do mercado de uma maneira bastante veloz, porque as fábricas ficam fechadas, e de todos os produtos houve uma exaustão de estoque. Quando o mercado retornou não tinha estoque e ocorreu uma pressão muito grande por um volume de produção alto. Então tivemos uma situação bem difícil de se prever, fechamos fábricas, os estoques acabaram e ninguém imaginava que o mercado fosse voltar tão rápido. Houve uma recuperação muito grande, principalmente atrelada ao agronegócio, que no Brasil está indo muito bem, e tivemos de trabalhar muito para poder atender à demanda, mas agora o volume está se adequando. A loucura pela disponibilidade de pneus dos últimos oito meses se encerrou. 

A indústria automobilística está sofrendo com a falta de componentes. A Prometeon está enfrentando problemas semelhantes?

Da matéria primeira que nós usamos, não. O que houve foi um problema de transporte internacional, muitos <CF51>lockdows</CF> em algumas cidades pelo planeta, portos fechados, principalmente na Ásia, que são grandes exportadores e isso causou um certo reboliço no mercado. Alguns produtos atrasaram, mas não tivemos falta. Passamos perto, mas não faltou. Atualmente está bem estabilizado. O que está acontecendo é que no setor de caminhões, algumas montadoras estão tendo problemas com semicondutores e estão parando as fábricas por alguns dias. E todas elas são clientes da Prometeon, e estamos tendo alguns cortes pontuais de volume de uma maneira indireta. Porque as montadoras param e a gente não produz.




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