Tancredo Neves, presidente eleito em 1985 e que não chegou a assumir o cargo, morreu de síndrome da resposta inflamatória sistêmica (inflamação que atinge diversos órgaos do corpo), em decorrência das cirurgias realizadas para extração de um tumor benígno. Em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, exibido domingo à noite, o patologista Élcio Mizziaro, autor do primeiro laudo médico que atestava diverticulite aguda, confirmou que alterou o diagnóstico para não prejudicar o processo de redemocratização do país. Segundo o médico, caso fosse divulgado que Tancredo tinha um tumor, os militares poderiam pensar que o presidente sofria de câncer e não entregar o poder, conquistado pela maioria dos votos no Colégio Eleitoral.

Após grave crise de dores no abdômem, em 14 de março – véspera da posse –, Tancredo foi internado no Hospital de Base de Brasília e submetido à cirurgia. Foi então que o “falso diagnóstico” foi apresentado. Em 26 de março, o político, já em estado grave, foi transferido para o Incor (Instituto do Coração), em São Paulo. No dia 21 de abril, e após sete cirurgias, Tancredo faleceu. A causa  atestada foi infecção generalizada.

No Fantástico, os 11 médicos que cuidaram de Tancredo no Incor afirmaram que o político tinha poucas chances de sobreviver. Tancredo tinha crise de bacterimia –  infeccção em decorrência das cirurgias –, segundo os especialistas, mas não morreu de infeccção generalizada, já que os antibióticos curaram o problema. Os médicos alegaram que o problema do político iniciou-se com insuficiência pulmonar, que resultou na falência múltipla dos órgãos.