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Cidades promovem ações relativas ao Maio Amarelo

Meta de campanha é diminuir número de mortes no trânsito em até 50% até 2020, segundo Nações Unidas

Matheus Angioleto
Especial para o Diário
07/05/2017 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Com o objetivo de reduzir pela metade o número de vítimas no trânsito por meio de programa da ONU (Organização das Nações Unidas) até 2020, cidades do Grande ABC divulgaram planos e ações que visam educar a sociedade sobre a importância da direção consciente e o respeito no trânsito. As ações e as preocupações com o tema integram campanha do Movimento Maio Amarelo.

Segundo dados do Detran (Departamento Estadual de Trânsito) de São Paulo, somente nos últimos 11 anos o Grande ABC viu a frota praticamente dobrar, com alta de 72,72%. Enquanto em 2005 os sete municípios da região totalizavam 1,05 milhão de veículos, no ano passado esse número saltou para a casa do 1,8 milhão. Por motivos como a alta circulação e a falta de atenção de motoristas, as campanhas surgem com sentido de alertar e orientar sobre medidas preventivas.

A violência no trânsito fez 18 vítimas em março na região, número 63,64% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado, quando foram contabilizados 11 óbitos. Os dados integram relatório mensal do Infosiga (Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do Estado de São Paulo).

O trânsito, atualmente, mata mais do que os homicídios em São Paulo. No ano passado, o Estado registrou taxa de 8,1 homicídios por 100 mil habitantes. Os acidentes de trânsito somaram 13,2 óbitos na mesma comparação. Cerca de 94% das mortes no trânsito em nível estadual são motivadas por ações de risco como alta velocidade, ausência do uso de cinto, bebida ao volante, celular e travessia em locais proibidos.

Segundo dados da Prefeitura de Santo André, o número de veículos no município saltou de 482.634 em 2011 para 593.934 em 2016. Anualmente, a administração investe em torno de R$ 500 mil em campanhas e programas de educação para o trânsito. Entre as medidas tomadas pelo poder público estão o Projeto Pista Certa, focado no público infantil, além de atuações em empresas de transporte coletivo e ações de conscientização.

Com base em informações do Infosiga e do Departamento de Trânsito da cidade, a administração selecionou nove pontos alvo de ações de conscientização durante o mês. Serão distribuídos materiais educativos, além de faixas com mensagens que remetem às propostas do Maio Amarelo, nas avenidas Portugal, Pereira Barreto, Capitão Mário Toledo de Camargo, entre outras.

Iniciada no dia 2 em São Bernardo, as ações referentes ao Maio Amarelo possuem extenso cronograma de práticas a serem realizadas ao longo do mês. O município receberá blitz educativa, palestras, excursões escolares, distribuição de laços amarelos nos semáforos e equipamentos públicos, além de decoração de tendas na Avenida Barão de Mauá, Centro, mobilizando no total dez veículos do Departamento de Trânsito para diversos bairros.

De acordo com dados divulgados pela administração, na cidade o número de veículos cresceu 18% entre os anos de 2011 e de 2015, saltando de 479.350 para 567.178 neste período. Somente em 2015 foram 4.108 ocorrências de acidentes na cidade, sendo 290 deles envolvendo pedestres. No mesmo ano foram registradas 19 mortes por conta de acidentes de trânsito.

Mauá terá trabalhos de conscientização nos semáforos de toda a cidade com material informativo sobre o Maio Amarelo e também nas escolas da rede municipal e estadual, com foco em novos motoristas e pais, com apoio do Conselho Municipal da Juventude. Uma das premissas é tornar o trânsito pauta diária durante todo o mês e trazer a participação dos munícipes. Ações serão realizadas na Praça 22 de Novembro, das 11h às 17h, por meio de simulações de primeiros socorros, instruções em acidentes e conscientização em relação ao meio ambiente.

Ribeirão Pires, por meio da Secretaria de Transportes e Trânsito, afirmou que as ações serão prolongadas durante todo o ano. Em 2011, o número de veículos era de 59.362, saltando para 64.514 em 2016. Em conjunto com outras autoridades serão realizados bloqueios educativos em ruas e avenidas que, segundo estudos, apresentam maior índice de acidentes de trânsito.

A Operação Visibilidade também será retomada para padronizar pontos de incidentes para fiscalização ostensiva. Os condutores são abordados pelas autoridades para regulamentação de irregularidades e orientação para prevenção de acidentes. A Prefeitura afirmou que as datas e os locais desta iniciativa não serão divulgados com antecedência.

As prefeituras de São Caetano, de Diadema e de Rio Grande da Serra não informaram dados ou práticas relativas ao Maio Amarelo.


Motoristas admitem faltar cautela

O analista de sistemas Fernando Manchini, 27 anos, contou à reportagem do Diário ter sofrido acidente em 2010, após tentativa de ultrapassar um caminhão. Por conta da falta de sinalização de carro que estava parado na Avenida dos Estados, a batida ocorreu e os dois veículos envolvidos tiveram perda total. Questionado se conhecia o Maio Amarelo, o morador de São Bernardo deu resposta negativa. Em contrapartida, afirmou faltar cautela por parte dos motoristas. “(É preciso) Respeitar as sinalizações e velocidade, além de deixar o celular completamente de lado na hora que estiver dirigindo. Acredito que as punições para uso de celular deveriam ser muito mais severas”, completa.

Morador de Mauá, Rodrigo Claudino, 24, sofreu acidente próximo à residência dele logo depois de ter conseguido a habilitação, aos 18 anos. Ele teve de arcar com a despesa dos dois veículos, mesmo com acordo feito com o outro motorista. “Assim que virei a esquina de casa colidi frontalmente com outra pessoa, que não tinha habilitação. Ela foi tentar, em alta velocidade, cortar um ônibus que estava parado. A mãe dele bateu a cabeça no para-brisas, estava sem cinto.

Falta de seta, uso de celular, constantes manobras para desviar de carros e a combinação de álcool e volante. A atuação das autoescolas é citada pelo motoboy Alexandre Ferreira de Sena, 43. Ele acredita que a maneira de ensinar deveria ser diferente e mais firme. “O motociclista não é tão culpado, e sim o motorista desatento com o celular. Isso acaba com a gente. Ninguém quer cair (da motocicleta), pois queima nossa pele tipo faca quente na manteiga.”


Campanha deveria ser estendida, avalia especialista

Na opinião do especialista em Medicina de Tráfego Dirceu Rodrigues Alves Júnior, o Maio Amarelo é uma necessidade nacional e deveria ser pauta durante todos os meses do ano com diversas ações. Ele crê que há negligência quanto às doenças do trânsito. “Precisamos disso o ano todo com intuito de sacudir a consciência das pessoas e fazer algo para diminuir os óbitos e os sequelados de nosso trânsito. Há necessidade de medidas drásticas para acompanhar o que previu a ONU (Organização das Nações Unidas)”, aponta, ressaltando a importância dos conhecimentos relacionados à mobilidade urbana.

Entre as possibilidades citadas estão as adoções de medidas a curto, a médio e a longo prazos. O mais urgente seria a fiscalização, campanhas preventivas e multas. O médio prazo poderia abordar reciclagens e educação continuada. Já a longo prazo a medida adotada poderia ser a educação do trânsito nas escolas, dos 5 anos de idade ao Ensino Superior.

“A pessoa não pode prestar curso de condutor apenas pensando em fazer o carro andar. Precisamos ensinar as consequências, as maneiras de se tratar as situações. Mostrar que estamos tratando de uma máquina sobre rodas, a qual apresenta riscos físicos e materiais para si próprio e para terceiros”, diz.

Dirceu ainda critica o processo inicial de formação de condutores, considerado “ insuficiente para a realidade” por ele. “É uma necessidade dos CFCs (Centros de Formação de Condutores), onde nada se aplica de maneira prática. Não se aprende nada em como se defender do trânsito nem direção defensiva, evasiva ou ofensiva. Não é ensinado como ele (o condutor) deve enfrentar as adversidades do dia a dia”, pondera o especialista. 




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