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Oswaldo Dias é assessor de Filippi no Consórcio
Fabrício Calado Moreira
Do Diário do Grande ABC
29/07/2005 | 08:30
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Desde 16 de maio, o ex-prefeito de Mauá, Oswaldo Dias (PT), ocupa o cargo de diretor de Obras de Diadema. Na prática, entretanto, seu trabalho é outro: é incumbido de ajudar o prefeito José de Filippi Júnior (PT) na área de articulações políticas junto ao Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, o que caracteriza desvio de função. Dias e a Prefeitura alegam não existir na estrutura administrativa atual o cargo de assessor para o Consórcio. A revelação expõe um buraco na estrutura do Consórcio, que não especifica quem deveria assessorar as Prefeituras na entidade que reúne as sete prefeituras do Grande ABC.

"Provavelmente, todas as prefeituras têm algum cargo que não corresponde ao de assessor trabalhando no Consórcio. Como a Prefeitura (de Diadema) não tem na sua estrutura um assessor de carreira, alguém sempre é designado", explica Oswaldo Dias, ao negar qualquer irregularidade no fato de ter sido nomeado para um cargo e designado para outro. "Isso é praxe, é comum", garante. "Nas outras cidades, não será diferente."

Apesar de considerar o procedimento normal, o ex-prefeito diz que já tentou corrigir a distorção quando esteve à frente do Paço de Mauá. "Talvez um cargo de assessor de gabinete fosse mais adequado", pondera, "mas já não cabe mais a mim discutir essa questão."

Pelo trabalho de diretor do Departamento de Obras, Dias diz receber salário de cerca de R$ 3 mil. Apesar disso, seu papel é diferente do que consta em sua nomeação. "Procuro articular discussão com setores da Prefeitura sobre determinados temas", explica. O ex-prefeito de Mauá garante que não foi ele quem escolheu o cargo para o qual seria nomeado em Diadema. "É coisa da Prefeitura."

Visão ampla – Segundo a Secretaria de Comunicação da Prefeitura, o convite para Dias trabalhar em Diadema partiu de José de Filippi Júnior. São várias as alegações para a contratação de Dias: Ele ocupou o comando do Paço de Mauá durante oito anos, tem visão ampla dos assuntos metropolitanos, e principalmente porque não existe o cargo de assessor do Consórcio na Prefeitura.

O ex-prefeito não bate ponto diariamente no Paço de Diadema. Tem a prerrogativa de não comparecer todos os dias na sede do Executivo, caso tenha que participar de reunião fora. Procurado pelo Diário, o presidente do Consórcio Intermunicipal, prefeito de São Bernardo, William Dib (PSB), não falou. Segundo o Departamento de Comunicação da Prefeitura de São Bernardo, o prefeito não emitiria opinião sem antes conversar com todos os prefeitos das demais cidades do Grande ABC ou com o prefeito de Diadema sobre o caso.

A ex-presidente do Consórcio, Maria Inês Soares (PT), ex-prefeita de Ribeirão Pires, confirma que não existe nas prefeituras da região o posto de assessor para a entidade. "O prefeito é quem escolhe alguém para representá-lo, que pode ser funcionário ou não", explica.

Inês lembra que o então prefeito Luiz Olinto Tortorello (PTB) indicou como representante de São Caetano no Consórcio Fausto Cestari, que não ocupava cargos na Prefeitura. Ela acrescenta que, à exceção da presidência da entidade, o Consórcio não paga salário para assessores. "Se quiser, a pessoa pode trabalhar voluntariamente. Salário, só se for da Prefeitura."




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