Juiz da 13ª Vara Federal, em Curitiba, no Paraná, Sérgio Moro aceitou denúncia do MPF (Ministério Público Federal) contra nove investigados pela Operação Lava Jato, entre eles o publicitário Marcos Valério, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o empresário Ronan Maria Pinto, dono do Diário.

Ronan foi denunciado pelo MPF por lavagem de dinheiro. Para os promotores, o empresário recebeu R$ 6 milhões de empréstimo supostamente fraudulento intermediado pelo pecuarista José Carlos Bumlai via Banco Schahin para compra do Diário. Ainda de acordo com a apuração do MPF, o empréstimo foi declarado quitado pelo Schahin quando a instituição obteve contrato de R$ 1,6 bilhão da Petrobras para operar navios-sonda. Ronan admite ter contraído recursos, mas não por articulação de Bumlai. Também refutou informação de que o dinheiro teria sido usado para adquirir o Diário.

Segundo Moro, “Ronan Maria Pinto, além de beneficiário final dos valores, conforme rastreamento bancário, não foi produzida prova de que o empréstimo foi devolvido, colocando em dúvida a sua afirmação de que se trataria mesmo de um empréstimo”. O empresário garante que quitou as parcelas. Ele é o único dos nove denunciados que continua detido – está no complexo médico penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba. Antes, estava na sede da PF, em Curitiba, desde o dia 1º de abril, quando também houve ação de busca e apreensão no Diário.

Conforme denúncia do MPF, toda operação bancária envolveu R$ 12 milhões em empréstimo intermediado por Bumlai. Parte do dinheiro, segundo delação premiada de Marcos Valério, teria sido usada para quitar dívida de campanha do PT em Campinas. A outra, para pagar Ronan, que estaria exigindo quantias financeiras para não envolver nomes do petismo na morte de Celso Daniel, prefeito de Santo André, em 2002. O MPF, entretanto, não denunciou Ronan pelo crime de extorsão por falta de provas da suposta chantagem referida por Marcos Valério.

A lista de réus inclui Sandro Tordin (ex-presidente do Banco Schahin), Enivaldo Quadrado (empresário condenado no Mensalão), Luiz Carlos Casante (empresário), Breno Altmann (jornalista ligado ao PT), Natalino Bertin (empresário) e Oswaldo Rodrigues Vieira Filho (empresário dono da Remar).

Nota da defesa de Ronan Maria Pinto

“A denúncia imputa a Ronan Maria Pinto e a todos os outros oito acusados nesta fase da Operação Lava Jato a prática de crime de lavagem de dinheiro. Todavia, mais uma vez ressaltamos: Ronan é o único acusado preso preventivamente pela acusação de um crime econômico. A defesa se manifestará nos autos pela veracidade do empréstimo que vem sendo questionado. Assim como pleiteará a revogação de sua prisão”,

Fernando José da Costa, advogado de Ronan