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Janela da Alma mostra modos de ver o mundo
Por Cássio Gomes Neves
Do Diário do Grande ABC
19/01/2003 | 18:55
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A vocação poética do documentário Janela da Alma, em cartaz no Cine Arte Lilian Lemmertz, transcende o título. Obra do cineasta João Jardim (ele mesmo míope), trata os olhos e a visão, esse sentido super-estimado no humano, com a devida poesia contida no tal ditado popular. Não só. Trata-os também como espelho do mundo, e toca então no que se chama ponto de vista. E vai além, dá eles à ditadura da miopia ou da cegueira, com a visão sujeita aos enquadramentos de um par de óculos ou a nada (nesse caso, vale a assistência da percepção e dos outros sentidos).

Com esse propósito, Jardim montou o filme com 19 depoimentos, de célebres personagens do mundo moderno. O escritor José Saramago, Nobel português, vê como nociva a dependência da interpretação essencialmente audiovisual da natureza. Wim Wenders, o cineasta alemão, só admite a realidade pelo filtro de suas lentes. Eugen Bavcar é fotógrafo esloveno e cego – impressão da impossibilidade.

Depõem também a atriz Marieta Severo, o músico Hermeto Paschoal e, entre outros, o neurologista Oliver Sacks. E, importante para o conceito do trabalho, a direção de fotografia é de Walter Carvalho, este na ante-sala da confraria de Edgar Brasil, Dib Lufti e Affonso Beato, grandes do ofício.




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