A Direplan, construtora sediada em Capivari e que realiza as obras de reforma e ampliação do Estádio do Inamar, em Diadema, tinha ciência, na sexta-feira, de que havia risco de desmoronamento da arquibancada que abrigaria 1.238 lugares e os setores destinados à imprensa e aos convidados. A estrutura veio abaixo no sábado.

A informação consta no BO (Boletim de Ocorrência), obtido pelo Diário, que foi registrado no sábado à tarde, horas após o ocorrido em Diadema. O policial que atendeu à ocorrência ouviu Shilinei Silva Oliveira, funcionário da Direplan – responsável pela obra –, que teria dito que “a obra tinha dado sinais de que poderia vir a ruir, sendo que tal fato foi relatado ao engenheiro responsável, não sabendo se providências foram tomadas a respeito”. Ele é o encarregado pela obra ouvido pela equipe de reportagem em algumas oportunidades.

O documento também registra que na sexta-feira, o Copom (Centro de Operações da Polícia Militar) havia recebido uma ligação via 190 sobre suspeita de desabamento no local.

Delegado titular do 4º DP (Eldorado) de Diadema, Miguel Ferreira da Silva afirmou que já instaurou inquérito para investigar as causas do ocorrido no Estádio do Inamar. “Existem as oitivas de uma série de pessoas: o policial que atendeu, o presidente do Água Santa, o responsável pela empreiteira (Direplan), o engenheiro responsável”, destacou. Os citados devem prestar depoimento nos próximos dias.

O Diário entrou em contato com o presidente do Netuno, Paulo Sirqueira, que desqualificou as informações contidas no BO. “Neste momento tem funcionário querendo aparecer, e também surgem os vizinhos que já tinham avisado”, disparou ele, que confirmou não haver ninguém trabalhando na obra na sexta-feira à noite, quando teria sido feita a ligação para o 190.

A equipe de reportagem tentou contatar Eduardo Battagin, engenheiro responsável pela Direplan, mas não obteve sucesso. Shilinei Silva Oliveira não atendeu às ligações para confirmar o relato feito no BO.

Estádio do Inamar passa por perícia

Ontem pela manhã foi realizada a primeira parte da perícia para averiguar o desabamento da futura arquibancada social do Estádio do Inamar, em Diadema. Funcionários da Defesa Civil do município, peritos da Polícia Científica e representante do Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo chegaram ao local, que está interditado, por volta das 10h30 e saíram somente no início da tarde.

Eles colheram material para análise com intuito de descobrir as causas do acidente. A segunda parte do procedimento será realizada hoje.

“Não tem prazo específico por conta da complexidade do caso, tem muitos dados técnicos”, afirmou o delegado titular do 4º DP (Eldorado) de Diadema, Miguel Ferreira da Silva. “Vamos ter de aguardar os laudos periciais, existe série de quesitos técnicos. Profissionais de diversas áreas vão dar o parecer para saber o que ocorreu na arquibancada”, finalizou.

O coronel Marcos Marinho, responsável pelo departamento de segurança e prevenção da FPF (Federação Paulista de Futebol), que vistoriou o local semanalmente, descartou a necessidade de retornar às obras para outra observação da situação.

“Não tem necessidade (de voltar). Temos que aguardar a perícia que foi feita na obra que desabou”, comentou. “Só temos notícia do que saiu na imprensa”, concluiu ele, que não fez juízo de valor se o fato poderia prejudicar o Netuno em seu pleito para estar na Série A-1 do Paulista.