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Nau Capitânea, mais uma vez, nao fica pronta
Do Diário do Grande ABC
22/04/2000 | 14:50
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A viagem da Nau Capitânea para Porto Seguro, que estava prevista para este sábado, voltou a ser adiada por falta de estabilidade na embarcaçao, um problema básico mas que somente foi detectado pouco antes da partida inicialmente programada para quarta-feira passada. Segundo o almirante Domingos Castelo Branco, responsável pela nau, ainda faltam quatro das 14 toneladas de chumbo encomendadas de emergência a uma fábrica paulista para possibilitar a viagem da Nau Capitânea uma réplica da utilizada por Cabral para chegar ao Brasil em 1500.

Castelo Branco ainda está otimista em fazer a Nau Capitânea chegar a tempo de integrar as festividades dos 500 anos do descobrimento, embora tenha reprogramado a viagem para o início da manha desta segunda-feira. A utilizaçao do chumbo como forma de garantir a estabilidade da embarcaçao nao havia sido incluída no projeto da Nau, apesar de sua importância como lastro para dar equilíbrio e possibilitar a navegaçao.

"Logo que o restante do chumbo chegar vamos começar a colocá-lo, mas o trabalho leva tempo porque o material é instalado em pontos mais baixos do navio, em áreas de difícil acesso e tem de ser todo concretado", disse o almirante. Castelo Branco atribuiu o que vem sendo considerado o "vexame da festa" ao atraso na liberaçao de parte dos R$ 4 milhoes investidos pelo governo federal em empresas na fabricaçao da Nau Capitânea. "Se o fluxo de recursos tivesse corrido normalmente, a Nau estaria pronta há bastante tempo, mas a obra ficou parada quase seis meses", disse o almirante.

Como a velocidade do navio pode alcançar 12 quilômetros por hora, o almirante estima que a Nau Capitânea possa chegar a Porto Seguro em 35 ou 36 horas, no máximo. "Vamos correr atrás do prejuízo", disse.

O "prejuízo" ao qual se refere o almirante motivou o inquérito civil público instaurado pelo procurador da República na Bahia, Joao Fontes Júnior, para investigar as responsabilidades pelo fato de a embarcaçao ter ficado de fora da abertura da festa dos 500 anos. O procurador quer saber como foram gastos os cerca de R$ 4 milhoes e quais as causas do atraso. A embarcaçao foi até batizada com toda a pompa em cerimônia que contou com a presença do vice-presidente Marco Maciel, do ministro dos Esportes e Turismo Rafael Greca, do presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhaes além do governador da Bahia, César Borges.

A embarcaçao foi batizada na última segunda-feira pela mulher do vice-presidente, Ana Maria Maciel, que substituiu o tradicional champanhe por uma garrafa contendo água do rio Capiberibe, de Pernambuco, terra Natal de Maciel. O ministro Greca, responsável pelo empreendimento, estava otimista. "É uma caravela a prova de calmarias para nao ficarmos dependentes do vento", disse antes do fiasco.

De acordo com o projeto do ministério a embarcaçao, construída pelo Clube Naval do Rio de Janeiro, deverá ser utilizada como museu móvel flutuante do descobrimento do Brasil, visitando os portos brasileiros. No convés a nau terá uma exposiçao dos equipamentos de navegaçao utilizados por Cabral.

Dotada da mais moderna tecnologia, com dois motores de 285 hp e projetada para fazer um percurso bem inferior de Cabral a Nau corre o risco de chegar a Porto Seguro somente depois das festas pelo descobrimento caso as quatro toneladas de chumbo nao estejam em Salvador a tempo.




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