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Sexta-Feira, 19 de Abril de 2024

A confiança no ambiente corporativo
Por Cíntia Bortotto
08/10/2018 | 07:24
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A confiança precede muito as relações. Quanto mais confiança se tem numa companhia, o índice de produtividade pode ser muito aumentado. Você precisa de menor controle e pode gastar menos tempo em atividades administrativas e, portanto, investir esta mão de obra em atividades mais nobres, inovadoras, criativas. Empresas que têm a confiança como um bem intangível são mais produtivas, evolutivas e rápidas.

Nesse ambiente ‘vuca’ – volátil, incerto, complexo e ambíguo, a dinâmica organizacional precisa ser muito adaptável e rápida. Quando se cria burocracias por uma pessoa não confiar em outra, ou uma área não confiar em outra, não é possível acompanhar o ritmo de mercado. Quer um exemplo de como a crise de confiança acontece? O comercial de uma empresa não acredita que uma área de entrega vai conseguir realizar o trabalho. O profissional vai vender e aí vai ficar brigando e falando mal em vez de resolver internamente com a própria área de entrega o que tem que ser alterado para que o processo todo aconteça a contento para o cliente.

Em vez de falar para o departamento ele fala do departamento. Passam semanas, meses, anos em que um problema poderia ser resolvido e não é. A base disso é a falta de confiança. Muitas vezes, o problema da base de confiança acontece na primeira liderança das estruturas e isso percorre todos os departamentos, porque não existe uma boa relação lá em cima. Isso é muito comum. E a baixa produtividade e falta de competitividade que isso causa são enormes.

E isso pode acontecer em todos os níveis, presidente, gerente, analista... A falta de confiança faz com que se busque vulnerabilidade no outro e ataque esta vulnerabilidade.

A confiança prevê que a gente entregue uma vulnerabilidade, para o outro, sabendo que ele não vai usá-la contra e sim cuidará desta vulnerabilidade. Acontece que ser vulnerável faz parte do ser humano, profissional que eu sou. Na confiança, você vai ajudar o outro a dar conta do trabalho, mesmo com essa vulnerabilidade e chegar ao resultado. Assim, vemos que a confiança também fala pela vulnerabilidade. Num caso você ataca, no outro, você cuida.

Departamentos onde existe a confiança são muito mais produtivos, há mais inspiração. Ninguém precisa ficar mentindo, escondendo suas vulnerabilidades. Pode-se falar de forma aberta sobre isso. Você é estimulado pelo líder e seus pares a pedir ajuda. Reconhecer e ter humildade num ambiente em que você se sinta produtivo é altamente positivo.

Isso não quer dizer que as pessoas serão complacentes com baixa produtividade. Ajudar o outro quer dizer criar caminhos para que, mesmo com a vulnerabilidade, os resultados sejam alcançados. Neste contexto, às vezes a gente redireciona as atividades. Já liderei equipes onde todos precisavam fornecer treinamentos e alguns tinham mais facilidade em sala de aula que outros. Cheguei a tirar a pessoa que não tinha facilidade e estimulá-la em um ambiente mais confortável até ela superar e conseguir se expor. Pudemos falar sobre isso, preservar autoestima, aproveitar outras competências.

Confiança é cuidar do ser humano como ser humano. Assim, pode-se produzir de forma mais leve, mais suave, mais feliz. A base disso é a confiança, você poder falar para mim o que é duro para você, o que você não vai bem, sem ter medo de ser julgado. Equipes que têm confiança em geral são mais coesas porque podem falar de seus problemas, se acolhem e as metas são alcançadas com mais facilidade e podem inclusive ser superadas.

E como resgatar a confiança em ambientes onde falta? Existem treinamentos, coaching para despertar as pessoas para entenderem as dimensões da confiança e fazer resgates nas relações. Como confio na pessoa certa? Confiar na pessoa errada pode trazer falta de produtividade.

A resposta prevê três dimensões da confiança: a pessoa é competente? É honesta? É confiável no sentido de estar disponível para que eu possa depositar confiança e ela vai me devolver esse depósito com constância?

Treinar a companhia para confiar nas pessoas e as pessoas para serem confiáveis é fundamental. Isso precisa ser feito tanto nas companhias como no País. Falta muita confiança no Brasil e um resgate é necessário. Talvez seja preciso convidar as pessoas para serem confiáveis nessas três dimensões. É um tema bastante importante, já que estamos escolhendo pessoas que farão a diferença para liderar a Nação nos próximos quatro anos.

Precisamos saber em quem depositar confiança e eles precisam ser dignos de nossa confiança. 




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