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Forno da Cerâmica passa por restauração

Responsável por empreendimento imobiliário preserva
símbolo da industrialização da cidade de São Caetano

Por Camila Galvez
Do Diário do Grande ABC
15/04/2013 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


Na década de 1940, a Cerâmica São Caetano era uma das maiores empresas da cidade. Tanto que deu nome ao bairro que assistiu ao seu nascimento, em 1923, e à sua morte, na década de 1980. Em seu auge, chegou a reunir 3.500 funcionários, que produziam telhas, tijolos, ladrilhos, material refratário, litocerâmicas e as sobras de caquinhos coloridos que se tornariam moda nos quintais da região e da Capital.

O coração da fábrica era o forno no qual a cerâmica era cozida. E é exatamente o primeiro forno da Cerâmica São Caetano o pedaço da história que está sendo restaurado pela Sobloco, responsável pela construção dos empreendimentos imobiliários do Espaço Cerâmica, que inclui também o ParkShopping São Caetano.

O compromisso da preservação estampou a página Memória do Diário em 23 de julho de 2006, e também partiu da Fundação Pró-Memória da cidade. Além do forno, foi identificado mural de litocerâmica com três metros de altura e pouco mais de três metros de comprimento, formado por 60 placas. A obra foi criada pelo escultor espanhol Alberto Garcia Vidal, em 1953.

O painel foi desmontado e as peças catalogadas e restauradas. Depois, foi totalmente remontado e está instalado atualmente no parque público do espaço. Já o forno, quando pronto, servirá como espaço de exposição e eventos. A empresa, porém, não informou o prazo para conclusão da restauração.

Conforme a presidente da Fundação Pró-Memória, Sonia Xavier, com a constante modificação dos espaços urbanos, é importante preservar referências históricas que correspondem à criação dos bairros que compõem a cidade. "Tudo o que a Cerâmica produzia passava pelo forno, portanto, ele é um símbolo da época que precisava permanecer, até para que os antigos moradores e possivelmente funcionários da empresa que ainda estão no bairro possam relembrar suas histórias para os filhos e netos."

INDUSTRIALIZAÇÃO

As terras do Tijucuçu, formadas pelas várzeas dos rios Tamanduateí e Meninos, tinham como característica o solo barrento, propício para instalação de olarias no município. Mas para o memorialista José Roberto Gianello, não representam apenas a simples evolução da produção artesanal, e sim o que havia de mais moderno no processo de fabricação de telhas e tijolos, como lembra em artigo publicado na Revista Raízes de dezembro de 2001.

A Cerâmica São Caetano originou-se da Cerâmica Privilegiada, que atuou na cidade de 1913 a 1919 e trouxe a tecnologia para produção dos produtos diretamente da França. Ao longo dos anos, passou pelas mãos de diversas personalidades políticas, tais como o senador Roberto Simonsen e Armando Arruda Pereira, que foi prefeito da Capital.

Sonia explica que, para a época, a forma como a empresa tratava os funcionários era diferenciada. "Para se ter uma ideia, havia a escola da Cerâmica, na qual os filhos dos funcionários estudavam. Eles também faziam festas." Para a presidente da Fundação Pró-Memória, preservar essas memórias é imprescindível. "Faz parte da construção da identidade do morador de São Caetano.




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