Economia Titulo Emprego
Região perde 567
vagas no trimestre

No mesmo período, indústria eliminou 2.687
empregos; cenário preocupa, dizem economistas

Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
18/04/2014 | 07:00
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Arte Rafael Levi/DGABC


Com a fraca demanda do setor industrial neste início de ano, o Grande ABC registrou, no primeiro trimestre, o fechamento de 567 vagas com carteira assinada, de acordo com dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho. Esse saldo (diferença entre admissões e demissões) negativo ocorreu, principalmente, pela retração do emprego nas fabricantes (que tiveram a diminuição de 2.687 postos de janeiro a março) e nos comércios (queda de 2.065).

O cenário é bem diferente do que se observava no mesmo período do ano passado. Só em março, as empresas da região geraram 2.523 empregos e, nos primeiros três meses de 2013, foram abertos 4.587 postos com carteira assinada. O quadro do emprego neste ano mostra sinais de piora, o que traz preocupação, segundo economistas e representantes das indústrias. Só no mês passado, foram eliminadas 410 vagas.

Para o professor de Economia do IMT (Instituto Mauá de Tecnologia) Francisco Funcia, os números são reflexo de algumas medidas de políticas econômicas, duas delas muito sensíveis para a indústria do Grande ABC: a retomada do aumento dos juros, desde o ano passado, e o processo de retirada de incentivo fiscal – a subida da alíquota do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) – neste ano.

Funcia cita que a elevação da taxa básica de juros (a Selic) impacta toda a economia brasileira, e o Grande ABC não fica imune a essa medida. “A região foi atingida por retração muito forte do licenciamento de veículos. Como a indústria automobilística tem importância grande na atividade dos sete municípios, isso traz impacto negativo para o nível de emprego”, diz.

Com a redução nas vendas de carros, que nos três primeiros meses do ano caíram 2% ante mesmo período de 2013, e com as montadoras reduzindo em 8% a produção, há forte movimento de paralisação nas fabricantes de veículos, com férias coletivas, folgas e licenças remuneradas. Além disso, as empresas automotivas anunciam que precisam ajustar seus quadros de funcionários à fraca demanda de mercado.

Fatores como a restrição na oferta de crédito e a preocupação em relação ao futuro da economia e, inclusive, com a manutenção do emprego, fazem com que a população reduza as compras. Com fraco movimento, o comércio reduz seu quadro de funcionários.

Funcia, entretanto, avalia que a inflação começa a mostrar sinais de recuo. “Confirmando esse cenário, poderemos ter medidas de redução dos juros (da Selic)”, afirma. Para o vice-diretor da regional do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Caetano, William Pesinato, a redução de juros é necessária, para reativar a atividade industrial.

O professor assinala, porém, que o impacto de redução da Selic não é imediato. Por sua vez, considera que a Copa do Mundo pode ajudar a trazer algum aquecimento à economia. “O cenário de 2014 pode não ficar tão negativo por causa do efeito Copa.”
 




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