A Prefeitura de Diadema recorreu ao Ministério Público denunciando o deputado estadual José Augusto da Silva Ramos (PSDB) e o governo do Estado de ignorarem o município na triagem de moradores para cirurgias de catarata. Segundo a ação, o parlamentar – que deve ser candidato a prefeito ano que vem – explorou “politicamente” a atividade promovida pela Secretaria Estadual de Saúde, mas que deveria ter sido organizada pelo município. Alegam que o deputado chegou a usar assessores de seu gabinete para fazer o cadastro dos pacientes.

A triagem foi feita na Escola Estadual Filinto Muller entre os dias 16 e 20 de abril. Os assessores de Zé Augusto teriam cadastrado 300 moradores para serem submetidos a cirurgia no Hospital das Clínicas, em São Paulo.

Para a coordenadora de regulação da Secretaria Municipal de Saúde, Cínthia Cristo, “foi uma mistura de ingerência técnica e uso político”.“O município é gestor pleno da Saúde, e a triagem é de nossa responsabilidade. Nos avisaram em cima da hora, e lá constatamos que assessores do parlamentar estavam escolhendo as pessoas a serem operadas, além de anotarem endereço e telefone,”

Entre os assessores estaria Arabela de Oliveira, secretária de Saúde na gestão do tucano no município (1989-1992) e presidente do PSDB local.

Cínthia denuncia ainda que os panfletos de convocação da população tinham as cores do PSDB. “Não sabemos quem pagou isso.”

Potencial adversário de Zé Augusto nas eleições do ano que vem, o deputado estadual Mário Reali (PT) não perdeu a oportunidade de criticar. “Além de possível irregularidade, foi uma deformação do papel do parlamentar. Ele deveria batalhar para aumentar os repasses do Estado para a Saúde em Diadema, por exemplo.”

O MP ainda não se manifestou sobre a reclamação da Prefeitura e Zé Augusto não retornou as ligações do Diário.