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EUA fracassam em negociação de paz no Haiti
Por Da AFP
25/02/2004 | 08:28
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O governo americano fracassou na terça-feira, ao tentar convencer a oposição haitiana a aceitar o plano internacional que busca uma solução para crise que afeta o país. No entanto, informou que continuará exercendo pressões para que o plano seja aceito.

"Ainda estamos conversando e trabalhando com as diferentes partes no Haiti para que o plano internacional seja aceito, declarou um funcionário do Departamento de Estado, que não quis ser identificado.

Washington apóia a idéia francesa de reunir as partes do conflito em Paris, um tema sobre o qual o secretário de Estado americano, Colin Powell, conversou nesta terça-feira por telefone com seu colega francês, Dominique de Villepin, acrescentou a mesma fonte.

Powell também conversou com um dos líderes da oposição haitiana, André Apaid, para "destacar a importância negativa da decisão" de rejeitar o plano, revelou o funcionário.

A oposição, que descarta qualquer proposta que não envolva a renúncia do presidente do Haiti, Jean-Bertrand Aristide, rejeitou nesta terça-feira o plano de paz promovido pelos Estados Unidos, pela França, pelo Canadá, pela Organização dos Estados Americanos (OEA) e pela Comunidade do Caribe (Caricom). Aristide anunciou que permanecerá no poder e que poderia eventualmente antecipar eleições legislativas em novembro.

"Consideramos que a entrevista coletiva à imprensa promovida por Aristide já constitui uma violação do plano internacional", sustentou Evan Paul, um dos dirigentes da Plataforma Democrática, que integra a oposição.

"De fato, segundo o plano, não cabe ao Presidente da República determinar a data da organização de eleições parlamentares, e sim ao Conselho Eleitoral provisório", explicou Paul.

O plano internacional permitia a Aristide permanecer no seu cargo até o final de seu mandato, em fevereiro de 2006, mas o obrigava a compartilhar o poder com um primeiro-ministro avalizado pela oposição.

"A fórmula diplomática atual não é viável, já que Aristide quer ficar até o final de seu mandato, e a oposição exige que ele renuncie. Ambas as partes rejeitam a idéia de formar um governo conjunto", explicou Daniel Ericsson, especialista do centro de análises Diálogo Interamericano.

"Está claro neste momento que uma força de mantimento de paz deve preceder um acordo político", considerou.

Para Ericsson, a decisão tomada pela oposição nesta terça-feira "comprova que os Estados Unidos não têm qualquer influência". "A pergunta é quanto caos, violência e pobreza podem aguentar os Estados Unidos no Haiti", onde o governo de George W. Bush "não tem a intenção de entrar para salvar Aristide", argumentou.

O governo americano "continuará fazendo o mínimo possível" no país caribenho, segundo Ericsson.

"O plano internacional é patético, e obriga os elementos democráticos a lidar com uma situação impossível", considerou por sua vez Jim Morrell, diretor da organização Projeto Democrático para o Haiti, com sede em Washington.

Segundo Morrell, a comunidade internacional "deve apoiar os elementos democráticos" haitianos, e procurar refúgio para Aristide num país estrangeiro.

O plano internacional deixa de lado os rebeldes armados, que controlam atualmente a metade do país e cuja insurreição causou pelo menos 70 mortos desde o dia 5 de fevereiro.




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