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Pandemia afeta diagnóstico de tuberculose

Número de casos confirmados em 2020 caiu na região na comparação com o ano anterior; especialista alerta sobre o perigo da interrupção do tratamento

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
24/03/2021 | 00:01
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A orientação para que as pessoas fiquem em casa durante a pandemia de Covid-19 é uma das medidas para tentar barrar o avanço da doença, que só no Grande ABC já contaminou 148.382 pessoas e causou 5.309 mortes. No entanto, deixar de procurar o médico para tratar e/ou diagnosticar outras doenças também virou um problema, e especialistas alertam para a necessidade do diagnóstico precoce de enfermidades como a tuberculose. No ano passado, as prefeituras da região registraram queda de 8,2% nos novos casos, que recuaram de 832 em 2019 para 764 em 2020. As secretarias de Saúde alertam que a baixa se deve à menor procura pelo atendimento médico.

Para aumentar os diagnósticos e o acesso ao tratamento, três administrações municipais do Grande ABC promovem até o fim do mês uma intensificação da chamada de busca ativa, informando todos os munícipes que procurarem os serviços de saúde sobre os sintomas da doença e as formas de tratamento (leia mais abaixo). Enfermidade infecciosa e transmissível, a tuberculose é causada pelo Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de Koch. Na maioria das vezes, afeta os pulmões, mas também pode acometer outros órgãos, como os rins, os ossos e os intestinos, entre outros. 

O tratamento para a tuberculose é feito pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e, apesar de longo – dura em média seis meses –, é bem-sucedido na maioria dos casos. “O mais importante é que o tratamento não seja interrompido. A interrupção é uma causa importante de piora e até de resistência do organismo às medicações”, explicou o médico patologista clínico e gestor do Grupo Sabin Medicina Dagnóstica, Alex Galoro.

Em 24 de março é celebrado o Dia Mundial de Combate à Tuberculose, uma menção à data em que foi descoberto o bacilo causador da doença, em 1882, e um chamado à importância do combate à enfermidade. Os principais sintomas são tosse persistente por mais de duas semanas com produção de catarro, muitas vezes acompanhada por sangramento, sudorese noturna excessiva, febre e perda de peso. A doença é transmitida entre as pessoas pela saliva e, segundo a Opas (Organização Panamericana de Saúde), o Brasil é o 18º País do mundo com mais casos da doença, com grande prevalência em áreas de alto adensamento e vulnerabilidade social. Estimativas da OMS (Organização Mundial de Saúde) dão conta de que um terço da população mundial esteja infectada pelo bacilo, mas, menos de meio porcento dessas pessoas vai desenvolver a doença.

Galoro alertou que existem diferentes tipos de exames para detectar a presença do bacilo. O mais comum é o de cultura de secreção. Opção mais moderna é o teste para identificar o DNA do bacilo, sistema semelhante ao exame para diagnosticar o coronavírus. “Existe também exame de sangue, conhecido como Igra (Interferon-Gamma Release Assay), que identifica tanto a infecção latente (quando não há sintomas, nem transmissibilidade) quanto a ativa” detalhou o médico. Esse exame se faz necessário antes que sejam receitados ao paciente medicamentos, mesmo para outras doenças.


Cidades reforçam a busca ativa em março

Hoje, quando é celebrado o Dia Mundial de Combate à Tuberculose, as secretarias de Saúde intensificam a busca ativa por pacientes com a doença, a fim de iniciar o tratamento. 

Em Santo André, são realizadas capacitações para os profissionais dos serviços de saúde, palestras, monitoramento dos casos, visitas aos usuários em situação de vulnerabilidade em tratamento de tuberculose. Desde o dia 15, a cidade intensificou a busca dos sintomáticos respiratórios (pessoas com tosse por mais de duas semanas) para colher exame de escarro. Em casos positivos o tratamento é iniciado. A campanha segue até o fim do mês e na página do Facebook da Prefeitura será disponibilizado vídeo sobre a tuberculose com sintomas, diagnóstico e tratamento.

Ribeirão Pires também intensificou a busca ativa desde o dia 15 até o dia 29 de março e vai priorizar as ações com distribuição de folhetos informativos à população. A cidade foi uma das duas da região a registrar aumento de casos e a administração informou que houve alta das solicitações dos exames de baciloscopia, que é o de escarro para identificação da tuberculose. “Como um dos sintomas é respiratório, e muitas vezes confundível com a Covid, é preciso fazer diagnóstico diferencial”, explicou a coordenadora do serviço de atenção especializada da cidade, Nancy Garrido. 

Diadema também reforça até o fim do mês a busca ativa e a Prefeitura destacou que, em 2020, observou-se diminuição nas notificações de tuberculose devido a fatores como queda da procura por atendimento médico por parte dos pacientes receosos do contato com casos de Covid nos serviços de saúde e também pela diminuição das atividades de busca de possíveis casos devido à reorganização dos serviços de saúde com foco no atendimento à pandemia do novo coronavírus. 

São Bernardo, São Caetano e Mauá informaram que realizam a busca ativa durante todo o ano com conscientização dos pacientes sobre a importância de detecção e tratamento precoce da tuberculose. Em Rio Grande da Serra, a Prefeitura pretende implantar, depois da pandemia, o programa de enfrentamento contra a tuberculose, iniciando com a capacitação das equipes da atenção básica, para atuar na prevenção, detecção, diagnóstico e no tratamento supervisionado da tuberculose. 




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