Cultura & Lazer Titulo
Mostra apresenta favela em três perspectivas
Por Cássio Gomes Neves
Do Diário do Grande ABC
08/03/2003 | 17:41
Compartilhar notícia


Subir o vidro do carro já não é alternativa para o pensamento cinematográfico do país há pelo menos 40 anos. Desde que o Cinema Novo elegeu a favela e o sertão como as duas insígnias para representar o Brasil sem filtros, pega mal pintar, decorar e enfeitar essas senzalas sociais. Orfeu (1999) sofre dessa pauperização factual em prol da estetização. Interessante ser o filme de Cacá Diegues uma das atrações deste domingo da mostra Representações da Favela, no Centro Cultural São Paulo.

Orfeu passa às 18h, entre O Rap do Pequeno Príncipe contra as Almas Sebosas (16h) e Babilônia 2000 (20h). Os outros dois filmes são documentários. O primeiro, de Paulo Caldas e Marcelo Luna, mostra os dois lados da mesma moeda em Camaparipe, cidade pernambucana. Há um músico, Garnizé, cuja subversão se expressa no rap, essa poesia urbana expelida. E há o justiceiro Helinho, com 60 mortes nas costas. Foram amigos de infância.

Em Babilônia 2000 o diretor Eduardo Coutinho deixa os entrevistados falarem à vontade, mal os interrompe, não rege o vocabulário do povo. Neste documentário, Coutinho tratou das expectativas de moradores de favelas cariocas sobre a recente virada do milênio.

Diegues refez o Orfeu de Vinicius de Moraes, o mito grego tornado residual da violência periférica. Toni Garrido faz o personagem-título sem brilho, em oposição à cenografia e à fotografia, um glamour só para ilustrar a paixão e a perseverança de Orfeu na busca da amada, a “indiazinha” Eurídice (Patrícia França).




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;