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Yeltsin: Rússia nao se deixará arrastar para guerra de Kosovo
Do Diário do Grande ABC
30/03/1999 | 10:05
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A Rússia "nao se deixará arrastar para o conflito" de Kosovo e se opoe a uma crise de "longa duraçao" com os Estados Unidos, declarou nesta terça-feira o presidente Boris Yeltsin, em sua mensagem anual ao parlamento.

Yeltsin, que começou seu discurso falando da crise de Kosovo, enfatizou que a mensagem anual do presidente jamais foi pronunciada "em circunstâncias tao dramáticas".

Neste curto discurso - de apenas 20 minutos - lido ante os parlamentares das duas câmaras reunidas no Kremlin e transmitido ao vivo pela televisao, o chefe de Estado garantiu sua fidelidade à economia de mercado para garantir o desenvolvimento de seu país, mas indicou que será necessário "corrigir os erros", principalmente à nível social. O presidente, afetado por várias doenças desde meados do ano passado, demonstrou um bom estado físico.

"Os bombardeios irracionais da Otan contra a Iugoslávia continuam. As pessoas morrem, mas a crise nos Balcas exige de nossa parte açoes responsáveis e nao uma reaçao emocional", disse. Em seguida destacou "o erro trágico dos norte-americanos em Kosovo" e o distanciamento da ONU na crise iugoslava. O chefe de Estado expressou o desejo de que a situaçao nao leve à "uma crise de longa duraçao na associaçao russo-norte-americana".

Em uma mensagem escrita e distribuída aos parlamentares, muito mais longa do que seu discurso, Yeltsin enfatizou que, para a Rússia, é muito importante normalizar suas relaçoes com os Estados Unidos, que devem ser "um dos fatores mais importantes das relaçoes internacionais do século XXI".

Também criticou energicamente "as tentativas da Otan em substituir a ONU e a OSCE (Organizaçao para a Segurança e Cooperaçao na Europa) e de impor soluçoes pela força na Europa e fora da Europa".

A nível econômico, Yeltsin fez um resumo da situaçao, sete meses depois da crise financeira que atingiu profundamente seu país e depois da nova promessa de ajuda financeira dada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI). "É preciso apoiar as instituiçoes da economia de mercado. Nao tivemos êxito no todo, estamos bloqueados na metade do caminho. Atualmente temos um modelo ruim, estamos entre dois sistemas", reconheceu.

O chefe do Partido Comunista, Guenadi Ziuganov, estimou que o presidente era "incapaz de pronunciar um discurso completo em um momento trágico" e disse que a destituiçao de Yeltsin era "inevitável".

A Duma (câmara baixa) votará no dia 15 de abril em favor ou contra a destituiçao do presidente, a primeira etapa de um prolongado procedimento que poderá resultar na saída de Yeltsin do poder.




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