Economia Titulo Crise da pandemia
GM quer adesão de 500 operários em PDV, senão vai demitir

Montadora avisou que é a última chance a aceitar benefício e estendeu lay-off

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
09/10/2020 | 00:09
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Denis Maciel/DGABC


Diante da baixa adesão ao PDV (Programa de Demissão Voluntária) encerrado em agosto, que contou com 293 adesões, a GM (General Motors) reabriu o programa dia 30 de setembro e o estendeu até o dia 15. A companhia mira a adesão de 500 trabalhadores e avisa que, caso não consiga atingir a meta, terá de efetuar o desligamento involuntário, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano. Hoje, a planta da região emprega 8.000 colaboradores, e o corte de 500 deles significa redução de 6,25% do efetivo.

“A empresa foi clara ao afirmar que precisa reduzir o contingente em 500 pessoas, pois esse é o seu excedente atual. E que se não houver essa adesão ao PDV, ela pode mandar embora sem o PDV”, contou o presidente licenciado do sindicato, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão.

Cidão afirmou que a GM quer “atingir esse número de qualquer jeito” e que vai até convidar aposentados para aceitar o programa. “Se não houver a adesão dos 500 e a montadora sinalizar que vai demitir, será um processo desgastante. O sindicato vai ter que agir. Mas acredito que se tiver pelo menos 250 conseguiremos equilibrar a necessidade da empresa e negociar.”

Em mensagem enviada aos funcionários, a GM informou que se trata da “última oportunidade para aqueles que quiserem se desligar da empresa com salários e incentivos adicionais”. “Reforçamos que não há previsão de abertura de outro PDV. Por isso, caso você seja das áreas elegíveis e tenha interesse, converse com o time de recursos humanos para entender detalhes”, disse o comunicado.

A montadora justificou aos empregados que a crise causada pela pandemia do novo coronavírus “está obrigando diversos setores a aplicar extensivas medidas de redução de custo e a fazerem ajustes em suas capacidades produtivas”. E prosseguiu: “Para a sustentabilidade do negócio, precisamos nos ajustar ao novo momento do mercado”.

Outra ferramenta a qual a montadora lançou mão para adequar o efetivo à queda da produção foi a prorrogação do lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho) de setembro para dezembro. Havia 700 funcionários afastados e, com a extensão, o número baixou para 500. O mesmo pretendido pela empresa ao PDV. “Mas nem todos que estão no lay-off podem ser mandados embora, porque são restritos (têm sequela por acidente do trabalho e não podem mais desempenhar a mesma função). Então a tendência é chamar o pessoal que está suspenso para a fábrica quando o lay-off acabar”, explicou Cidão, ao completar que a montadora está assumindo pagamento integral desses profissionais, ou seja, sem redução de salário, a partir deste mês.

Para incentivar o desligamento espontâneo, a GM oferece de 3,5 a sete salários adicionais, a partir de quatro anos de casa, e de um a dois anos de plano de saúde extras – além dos valores devidos pela rescisão contratual. Como bônus, para os profissionais que tiverem mais de 11 anos de firma será disponibilizado também um Onix Joy Black, que custa R$ 55.990.

Procurada, a GM informou que, desde o início das medidas de isolamento físico decorrente da pandemia no Brasil e no mundo e suas implicações econômicas, vem tomando série de medidas para, nesta ordem, proteger a saúde e segurança de seus empregados, fornecedores e parceiros, preservar empregos e garantir a sustentabilidade do negócio.

“Dentro deste contexto, a empresa vem utilizando mecanismos como redução de custos, postergação de investimentos, banco de horas, férias coletivas, redução de jornada com redução salarial e lay-off. PDV está aberto para adesões na fábrica São Caetano e deve ser aberto em breve na fábrica São José dos Campos (Interior). Ambos com condições já negociadas e aprovadas em assembleia pelos respectivos sindicatos”, assinalou. 




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