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BRT para região corre risco de ficar só no papel

Alternativa para Linha 18-Bronze passa por comitê que avalia condição financeira do Estado pós-pandemia

Fabio Martins
do Diário do Grande ABC
24/08/2020 | 07:25
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André Henriques/DGABC


Proposta escolhida pelo governo de São Paulo para substituir a Linha 18-Bronze, via monotrilho, o projeto de BRT (sistema de transporte rápido por ônibus, na sigla em inglês) direcionado à região, batizado Metropolitano ABC, corre risco também de sequer sair do papel. Já com cronograma atrasado, a alternativa defendida pelo Estado passa por reavaliação sob a conjuntura pós-pandemia de Covid-19, que se arrasta desde março.

O Palácio dos Bandeirantes, gerido por João Doria (PSDB), admitiu que comissão especial instalada no período irá considerar as condições financeiras do Estado ao fim da crise sanitária no País.

“O projeto do BRT ABC está em avaliação pelos comitês criados pelo governo do Estado para analisar as condições econômicas e fiscais do Estado pós-pandemia”, sintetizou a Secretaria de Transportes Metropolitanos, comandada interinamente por Paulo Galli, que assumiu a função diante da saída, a princípio, temporária do ex-deputado federal Alexandre Baldy (Progressistas). O então titular da pasta pediu licença do cargo logo após a sua prisão – já revertida no STF (Supremo Tribunal Federal) – em ação da PF (Polícia Federal) que apura supostos desvios em contratos na área da saúde de Goiás, estado natal do ex-parlamentar.

Com contrato de execução de obras assinado desde 2014, a Linha 18 foi enterrada por Doria, em conjunto com Baldy, em julho de 2019. A gestão tucana alegou, na ocasião, que o custo alto do ramal inviabilizou a implantação. À época da homologação do vínculo com o consórcio Vem ABC, os valores orçados eram no patamar de R$ 4,26 bilhões. No anúncio do fim do projeto, contudo, o Estado justificou que montante atualizado estava na casa dos R$ 6,08 bilhões – o acordo foi formalmente extinto há duas semanas, conforme publicação no Diário Oficial. Segundo cálculos da pasta, o BRT indica gastos de R$ 680 milhões.

Em audiência realizada em outubro na Assembleia Legislativa, Baldy prometeu que até dezembro do ano passado, ou seja, em dois meses a partir do encontro, tornaria públicos os detalhes da proposta remodelada pelo Estado, o que não aconteceu – a ideia era que as obras fossem iniciadas em 2020. Com o prazo expirado, técnicos da pasta, segundo apurou o Diário, previam lançar o edital do novo modal no primeiro semestre do atual exercício, possivelmente em abril. Além da morosidade do trâmite na gestão tucana, no meio do caminho, surgiu também a crise do coronavírus e o desarranjo nas contas públicas, situação que tem empurrado o calendário do início de projetos.

O governo estadual estima deficit de algo em torno de R$ 10,4 bilhões em decorrência do avanço da pandemia. Projeto de Doria, em tramitação na Assembleia, trata, inclusive, de reforma administrativa e corte de incentivos fiscais, sob justificativa de queda na receita. No pacote, o Palácio dos Bandeirantes pretende extinguir dez órgãos públicos, entre eles a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos) e a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) – emendas de parlamentar tentam preservar, ao menos, essas duas empresas.

Curiosamente, a EMTU é responsável por gerenciar contratos de concessão, ficando incumbida pelo processo de implementação do BRT. A proposta do corredor rápido de ônibus prevê incluir trajeto que contemplaria as cidades de Santo André, São Bernardo, São Caetano e São Paulo, com fim no Terminal Sacomã. 




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