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Região ainda investiga um caso suspeito do novo coronavírus

Incluído ontem, morador de São Caetano aguarda resultado de exame

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
29/02/2020 | 00:30
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O Grande ABC investiga, no momento, apenas um caso suspeito de contaminação pelo novo coronavírus (Covid-19). De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, os casos que eram investigados em São Bernardo, Mauá e Ribeirão Pires foram descartados. Um paciente de São Caetano, incluído ontem na lista nacional, aguarda pelo resultado do exame. Também houve queda no número total de casos suspeitos no Estado de São Paulo, que passou de 85 para 66. Os dados têm sido atualizados diariamente após as 16h.

Em todo o Brasil, 182 pessoas são monitoradas por suspeita de estarem infectadas. Todas estiveram recentemente em um dos 15 países que são apontados como polos de disseminação da doença (Alemanha, Austrália, Emirados Árabes, Filipinas, França, Irã, Itália, Malásia, Japão, Singapura, Coreia do Sul, Coreia do Norte, Tailândia, Vietnã e Camboja, além da China) e apresentam sintomas como febre, tosse e coriza. Até o momento, apenas um caso da enfermidade foi confirmado no País, um empresário paulistano de 61 anos que esteve na Itália em fevereiro. Outras 30 pessoas da sua família e ao menos 16 passageiros do mesmo voo do empresário estão sendo monitorados, mas nem todos são considerados casos suspeitos, porque não apresentam sintomatologia da doença.

Na região, todos os casos investigados são de pessoas que estiveram na Itália. O paciente de São Bernardo foi atendido em hospital da rede privada e não foi divulgada sua idade e sexo. A paciente de Ribeirão Pires, uma mulher de 28 anos, foi atendida na Santa Casa de Mauá. Além da Itália, a munícipe visitou a França. De acordo com a administração de Mauá, o caso atribuído à cidade é o mesmo que constava na lista como sendo de Ribeirão Pires, mas não foi possível confirmar a informação com o Estado. As prefeituras de Santo André e Diadema informaram que até o momento não há casos suspeitos nas cidades. São Caetano não se pronunciou até o fechamento desta edição.

Nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) da região, a maior parte dos moradores não demonstrou muita preocupação com a doença. Em São Bernardo, na UPA Baeta Neves, o ajudante geral José Adeildo da Silva, 47 anos, afirmou que as pessoas não devem ficar apavoradas.

Na UPA Perimetral, em Santo André, a recepcionista Jessica Picolo de Carvalho, 30, apresentava sintomas de gripe e, por trabalhar no aeroporto, foi orientada a permanecer de máscara. A mãe da jovem, Gilda Picolo, 66, também usava o acessório, após diagnóstico de pneumonia. Não foram colhidos exames para testagem de coronavírus das duas moradoras.

Na UPA Magini, em Mauá, a diarista Monica Diniz, 55, disse acreditar que muitas pessoas estão se alarmando desnecessariamente. Já a cabeleireira Tammy Almeida, 29, entende que a situação é grave, já que existe um caso confirmado no País.

Máscaras são dispensáveis para quem está saudável

Professor da disciplina de infectologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC), Olavo Leite explicou que o uso de máscaras para proteção contra o novo coronavírus e outras doenças respiratórias traz poucos benefícios para pessoas saudáveis e que não são profissionais da área de saúde.

Seu uso é indicado para quem já está contaminado com a doença e para as pessoas que lidam diretamente com os pacientes, como recepcionistas de unidades de saúde, médicos e enfermeiros, entre outros.

O Diário mostrou na edição de ontem que cresceu a busca por máscaras nas farmácias da região. A Farmácia Santa Luzia, localizada na Vila Assunção, em Santo André, já tinha vendido todo o estoque do produto. Na Cirúrgica Assunção, também andreense, o modelo que oferece melhor respiração também já tinha se esgotado.

Segundo a Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias), uma parte das máscaras vendidas no Brasil é comprada pronta da China. Outra é fabricada localmente, mas usa insumos produzidos no país asiático. Com o avanço do surto por lá, o consumo interno explodiu e os produtos (máscaras prontas e insumos) deixaram de ser exportados. 

Doação de sangue tem nova triagem

O novo coronavírus foi incluído nos critérios de triagem para doação de sangue pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e pelo Ministério da Saúde. A análise – que já avalia a presença dos vírus da dengue, chikungunya e zika – também vai verificar a presença de outras variações de coronavírus, como a Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e Mers (Síndrome Respiratória do Oriente Médio).

A nova orientação também determina que pessoas que estiveram em países com transmissão local dos vírus só poderão doar sangue 30 dias após o retorno dessas regiões. A mesma regra vale para quem teve contato com casos suspeitos ou confirmados da doença.

Para quem teve o novo coronavírus, Sars ou Mers, a agência informa que será necessário esperar prazo de 90 dias após a completa recuperação para que possa fazer a doação.

“Já os candidatos que tiveram resfriado comum ou infecções de vias respiratórias causadas por coronavírus, mas sem histórico de viagem para regiões endêmicas ou contato com pessoas provenientes destas áreas, não deverão ser considerados de risco para a infecção desses novos vírus. A Anvisa e o Ministério da Saúde informam que não existe evidência, até o presente momento, de transmissão transfusional dos coronavírus”, informa nota da agência.

OMS eleva o grau de risco de disseminação para muito alto

A OMS (Organização Mundial da Saúde) elevou para “muito alto” o risco em nível global de disseminação do novo coronavírus (<CF51>Covid-19</CF>). “O contínuo aumento dos casos de Covid-19 e do número de países afetados nos últimos dias é claramente preocupante”, ressaltou o diretor-geral da instituição, Tedros Ghebreyesus, em coletiva à imprensa em Genebra, ontem.

Covid-19 é a doença causada pelo novo coronavírus. Entre a manhã de quinta-feira e a de ontem, foram registrados 329 novos casos na China. Este é o menor aumento do número de ocorrências do último mês no país asiático.

No total, a China registrou 78.959 casos do Covid-19, com 2.791 mortes pela doença. Fora da China são 4.351 pacientes em 49 países, com 67 mortes. Desde quinta-feira, Dinamarca, Estônia, Lituânia, Holanda e Nigéria reportaram seus primeiros casos, todos relacionados à disseminação do vírus na Itália.

INTERLIGADAS

“O que vemos agora são epidemias do Covid-19 interligadas em muitos países. mas a maioria dos casos é rastreável para contatos ou grupos de casos conhecidos. Não vemos evidências de disseminação do vírus livremente em comunidades”, destacou Ghebreyesus.

De acordo com o diretor, desta forma há a chance de conter a disseminação do vírus, se ações drásticas forem tomadas para detectar cedo os casos, isolar e cuidar dos pacientes e de quem teve contato com eles. “São diferentes cenários em diferentes países, e diferentes cenários dentro do mesmo país. A solução para conter o coronavírus é quebrar as cadeias de transmissão”, reforçou o diretor da OMS, convocando governos e população a contribuírem com ações de prevenção.

Ghebreyesus reforçou que as pesquisas em medicamentos e vacinas contra o novo coronavírus estão avançando, porém, o diretor reforça que não é necessário esperar por estes recursos, já que há ações que cada indivíduo pode tomar para prevenir a contaminação, como higienizar bem as mãos, as superfícies e espirrar em lenços descartáveis.
 




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