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Com medo de seqüestros, bairro quer apressar sede da PM
Kléber Werneck
Do Diário do Grande ABC
20/01/2001 | 00:05
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Os dois seqüestros ocorridos nos últimos sete dias no Parque dos Pássaros, em São Bernardo, devem acelerar a construção do prédio que vai abrigar a 3ª Companhia da Polícia Militar no bairro. Representantes da comissão de moradores informaram que o prazo para conclusão da obra, inicialmente previsto para seis meses, deve ser reduzido para 90 dias.

Membros do Sapp (Sociedade Amigos do Parque dos Pássaros) e do NAL (Núcleo de Ação Local), órgão ligado ao Conseg (Conselho de Segurança), fizeram uma reunião extraordinária na última quarta-feira, no Parque dos Pássaros, e decidiram antecipar o cronograma definido anteriormente. Eles consideram “caótica” a situação da segurança no bairro, cujos moradores vivem em clima de medo.

“No ano passado, tivemos sete casos de seqüestro; neste, já foram dois. É muita coisa para um bairro só. Ninguém mais sai tranqüilo nas ruas”, afirmou o integrante do setor de obras do NAL Aderbal Silveira Bueno, 58 anos.

O acordo firmado entre Polícia Militar, Prefeitura e Sapp prevê que a comunidade construa o prédio que vai abrigar a 3ª Companhia. Um terreno localizado entre as avenidas Isaac Aizemberg e José Odorizzi já foi doado pela administração.

A arrecadação do dinheiro junto aos moradores para viabilizar a obra terá início no primeiro dia de fevereiro, segundo informou o tesoureiro do NAL, Wanderley Benati, 55 anos. Ele disse que será feito um trabalho de conscientização no bairro para mostrar a importância da instalação da companhia. “Vamos visitar todas as ruas, uma a uma, distribuir panfletos e também pedir apoio em algumas empresas”, disse.

O custo estimado da obra é de R$ 200 mil, segundo informou o empresário José Fernandes Novo Filho, 57 anos, diretor de obras do Conseg e que também integra a diretoria da Sapp. “Temos cerca de 700 residências no Parque dos Pássaros. Se cada uma contribuir com R$ 300, teremos dinheiro suficiente”, afirmou.

Os moradores irão pedir à Prefeitura que inicie a terraplanagem no local já na próxima semana. O secretário de Obras de São Bernardo, o arquiteto Otávio Manente, que idealizou o projeto do prédio da nova companhia, garante que não haverá problemas por parte da Prefeitura. “É só eles darem o sinal verde”, afirmou.

Outra decisão da reunião extraordinária entre os moradores foi a de trocar a empresa responsável pela segurança particular que atua nas ruas do Parque dos Pássaros. O SVPP (Serviço de Segurança do Parque dos Pássaros) deverá ficar a cargo da mesma empresa que trabalha no Parque Espacial, também em São Bernardo. A sugestão foi dada pelo delegado titular do 3º DP de São Bernardo, Wagner Lombisani, e acatada pelos moradores.

“Essa equipe vem desenvolvendo um bom trabalho no Parque Espacial, que é uma das áreas com índices de criminalidade mais baixos da cidade”, ressaltou o delegado.

A polícia investiga a possibilidade de alguns vigilantes estarem atuando como informantes de criminosos. “Não temos provas disso, mas também não descartamos nenhuma hipótese nas investigações”, disse o delegado.

O diretor do SVPP, José Gomes de Oliveira, o Panela, 44 anos, contestou as críticas feitas ao trabalho dos vigilantes. “Só quando esse grupo que vem seqüestrando os moradores for preso é que o problema será resolvido. Não somos culpados de nada”, afirmou.

A vendedora I.D.G., 59 anos, foi a mais recente vítima de seqüestro no bairro. Ela ficou cerca de 15 horas mantida como refém, na última quarta-feira, e só foi liberada após a família pagar R$ 15 mil pelo resgate. Na semana passada, um motorista havia sido pego por engano em lugar de seu patrão.




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