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Quarteirão da Saúde ainda é mistério
Leandro Baldini
Da Sucursal de Diadema
25/02/2008 | 07:00
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No fim do ano passado, o prefeito de Diadema, José de Filippi Júnior (PT), anunciou que a inauguração do Quarteirão da Saúde – principal promessa eleitoral de seu governo – aconteceria no dia 8 de março. No entanto, a menos de 15 dias da data marcada, a Prefeitura não responde questões relativas ao complexo.

Na última semana, o secretário de Saúde, Osvaldo Misso, anunciaria o nome do profissional que ocupará o cargo de administrador do complexo. Porém, o pronunciamento foi adiado com a justificativa de que somente o chefe do Executivo poderia falar a respeito da obra. Questionado sobre a data, Filippi desconversou. “Vamos fazer um plano de visitas. Uma reunião especial para informar sobre tudo.”

Mesmo criticado pelo atraso, o prefeito afirma que trabalhará para melhorar a avaliação do governo antes do início da campanha eleitoral, em julho. “Depois disso, vou me dedicar à campanha fora do horário de expediente, pois não pretendo me licenciar. Vou trabalhar pela eleição do Mário (Reali, deputado estadual e candidato à Prefeitura) à noite e nos fins de semana. A sua eleição será uma resposta à minha gestão”, comenta.

No sentido contrário, o candidato tucano à Prefeitura, o deputado estadual José Augusto da Silva Ramos – principal adversário do PT –, aponta inúmeras falhas da atual administração. “Acho que quando chegar perto da eleição, ele (Filippi) entrega esse prédio (Quarteirão). A Saúde não é só remédio. Ele não tem equipe, não sabe como faz e nem tem vontade. Não é fácil construir um sistema de sáude. Não é só prédio”, critica José Augusto, que também é médico.

DIÁRIO – Que papel o sr. desempenhará nas eleições de outubro?

FILIPPI – O meu papel até a data-limite do período eleitoral será de conduzir o governo. Exatamente como ele está se conduzindo, na trajetória ascendente de 15 pontos a mais na avaliação de ótimo e bom, em comparação a melhor avaliação do último mandato, que era de 40 pontos. Enquanto gestor público, quero aumentar esses pontos. Na seqüência, vem a segunda etapa, que é o inicio da campanha. Eu vou ajudar à noite e nos fins de semana. Será a grande avaliação do nosso trabalho à eleição do Mário.

DIÁRIO – O sr. concorda que um grande termômetro dessa avaliação do governo é a conclusão do Quarteirão da Saúde?

FILIPPI – Vamos fazer um plano de visitas. É uma pauta específica que farei. Temos uma surpresa. Vamos fazer uma reunião especial.

DIÁRIO – Mas o sr. já definiu o nome do administrador do complexo?

FILIPPI – Mais do que um nome, temos quase que uma equipe. O Quarteirão é um equipamento que será muito complexo, que a gente vai apresentar. Vamos mostrar a forma de administração, as parcerias e a pessoa que vai dirigir o Quarteirão.

DIÁRIO – Sobre eleições, como o sr. avalia essa definição do PT, que abrirá a vaga de vice para outro partido?

FILIPPI – A decisão foi muito acertada, pois, na minha visão, a outra possibilidade estava errada. Porque mostraríamos que fechamos as portas. Muito provalmente será um grande desafio. Terá muita ação de nosso adversário. Ele está olhando a gente e nós o estamos olhando. Quem decide não é o prefeito nem o candidato. Eu e o Mário estamos bem cientes disso. Quem decidirá é o PT, o conselho político. Nós temos um diretório, que delegou a nós comandar esse debate. É muito difícil chegar ao consenso. Acho que neste momento, é um levantamento de nomes. Queremos agregar todo mundo possível.

DIÁRIO – E o que o sr. pretende deixar para o José Augusto em termos de aliança?

FILIPPI – Vou deixar a Maridite (ela é ex-vereadora e esposa de Zé Augusto).

DIÁRIO – O sr. enxergou uma rejeição em torno do nome do ex-prefeito Gilson Menezes, do PSC?

FILIPPI – O Gilson é a terceira força da cidade. E você chega a essa conclusão por qualquer caminho. O exemplo é o resultado das últimas eleições. Por ter sido duas vezes prefeito o índice de rejeição é maior do que dos outros. E é isso que ele tem, um nome forte, mas rejeição. Tenho respeito por ele. Pela nossa vitória no segundo turno das eleições passadas. E isso fez com eu relevasse as tensões que tivemos nas eleições de 2000. Agora, a natureza é outra. Mas o Gilson precisa construir a relação com o Mário.

DIÁRIO – Como o sr. vê o perfil desse vice?

FILIPPI – O vice tem de reunir condições eleitorais para a disputa e criar um ambiente que se agrege. Por isso, acho que muita gente sai blefando dizendo que se fosse o Gilson não iria. O ambiente precisa ser mais racional.

DIÁRIO – O Gilson disse que só espera o convite até março. Esse será o prazo?

FILIPPI – Acho que essa questão está colocada. Ele pode sair com uma candidatura, o PSB, o PV. Aí questiona porque precisa que uma eleição tenha o segundo turno. Vai depender desse processo de maturidade. O Gilson não vai fazer tudo que a gente quer. Nós não vamos fazer tudo o que um aliado quer. O cenário está colocado, por isso o PT apostou nessa condição de que o vice poderia vir de fora do partido. Entretanto, se isso não for possível, pode voltar para nós.

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DIÁRIO – O sr. entra mais uma vez na disputa pelo Poder Executivo da cidade, mas, agora, com uma tática sigilosa. Como será iniciada a disputa?

JOSÉ AUGUSTO – O PT está fazendo muita movimentação sobre a questão do vice. Nós vamos continuar esperando até o dia em que conheceremos o casal, a noiva. Quando ela surgir, outras noivas ficarão frustradas, porque criou-se muita expectativa. Nesse ponto, vamos olhar e ver se sobra uma noiva bonita que queira compor com a gente. Estou com paciência, por ter a experiência de várias batalhas. O Mário está inquieto. É mais jovem, não tem experiência, não conhece Diadema, não mora aqui. Eu estou aqui há 30 anos.

DIÁRIO – Mas qual será a sua proposta?

JOSÉ AUGUSTO – Eu quero ser prefeito para trabalhar pelo interesse da população. Construir novamente o melhor plano para a Saúde. Eu vou apresentar um programa de segurança, mas sem maquiar os dados, e aí sim as pessoas vão voltar a dizer que se sentem seguras na cidade. Não vou fazer da Prefeitura um cabide de empregos. Essa nunca foi minha prática.

DIÁRIO – Então, Saúde e Segurança serão as prioridades do seu governo?

JOSÉ AUGUSTO – Certamente. Na Saúde, Filippi se reelegeu dizendo que ia entregar o Quarteirão em julho de 2005. Não o fez. Prometeu fazer um viaduto na Avenida Sete de Setembro, disse que viria o estádio. Nada disso aconteceu e a população não esquece. No caso da Saúde, a situação é mais grave.

DIÁRIO – Qual a situação da área?

JOSÉ AUGUSTO – Não pense que fácil construir um sistema de saúde. Não são só prédios. Está construindo esse aí (Quarteirão da Saúde), que para ele parece ser mais difícil, pois demorou tanto tempo. Então, imagine construir um sistema. Desse jeito não terminará nunca. Como este é um ano de eleição, talvez a entrega ocorra perto do período. No entanto, a Saúde não é só remédio. Precisa de estrutura e de equipe. Ele não tem nada disso, não sabe como faz, não quer e não se debruça sobre a causa.

DIÁRIO – E qual será o perfil de sua administração caso vença a eleição?

JOSÉ AUGUSTO – Me recordo que em 1992, quando passei o bastão da Prefeitura para o Filippi, a cidade tinha tudo para crescer muito e em pouco tempo. Tínhamos conseguido asfaltar todas as ruas. Eu nunca entendi como ele conseguiu perder a identidade da cidade. É isso que vamos reconstruir. O Filippi se configurou pelas contradições. Eu o vi dizendo que a população gosta de pão e circo, que as pessoas têm preço. O Filippi não tem a cara dessa cidade. Comigo é diferente, as pessoas sabem que trabalhei para trazer o hospital público de Piraporinha, a UBS do Eldorado, a Casa Beth Lobo e o Campo do Taperinha.

DIÁRIO – Mas o sr. indicou o Filippi para ser seu sucessor para 1993?

JOSÉ AUGUSTO – É verdade. Mas eu não esperava esse tipo de atitude. Depois desse período todo, ele pode ter sido bom para algumas pessoas, mas não para a cidade. Sua gestão foi tão ruim que eu não consegui me eleger em 1996.

DIÁRIO – Qual sua avaliação sobre a possibilidade de Gilson Menezes (PSC) ser o vice na chapa encabeçada pelo PT?

JOSÉ AUGUSTO – A população sabe e estranha essa proximidade entre eles depois de tantas ofensas. Lembro que em 1992, quando o partido do Gilson perdeu a eleição, ele chamou o Filippi de ladrão. Depois, o prefeito revidou. Não é estranho que depois de tanta coisa ainda estejam juntos?




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