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Setor de autopeças perde rentabilidade
Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
12/09/2010 | 07:08
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Em meio ao recorde de vendas de veículos, as indústrias brasileiras de autopeças aparentemente não teriam motivos para reclamar. No entanto, as pequenas fabricantes, que estão acostumadas a duras negociações na hora de repassar aumentos de custos para as montadoras e sistemistas, sofrem com o achatamento da rentabilidade em consequência da crescente importação de peças.

Dentro desse cenário, a concorrência com o produto estrangeiro (principalmente asiático) causa não apenas a perda de encomendas mas também maior dificuldade na conquista da margem de lucro, para que as empresas consigam manter seus negócios.

Segundo o presidente do Sindipeças (Sindicato Nacional da Indústria Peças e Componentes Automotores), Paulo Butori, a situação é cada vez mais difícil para as pequenas devido às condições desiguais em relação a outros países, como o real valorizado, juros altos, elevada carga tributária e a dificuldade de obtenção de financiamento a juros baixos.

O empresário Ernesto Pacheco Moniz, da Metalúrgica Moniz, de Ribeirão Pires, relata que sua indústria, que produz peças usinadas para caminhões e tratores, deve crescer em faturamento de forma expressiva neste ano (mais de 80%) em relação a 2009, embora deva ficar em patamar apenas 5% frente a 2008. "E a rentabilidade não melhorou", afirma. "Existe dificuldade de repassar elevação de custos. Tenho cliente que perguntou se eu poderia fornecer uma peça pelo valor do item importado, mas sai pelo custo da matéria-prima. Não há como concorrer", acrescenta.

Outra pequena da região, a MRS, de Mauá, conseguiu atingir ritmo de vendas próximo ao de 2008. "Houve recuperação de volume mas não de margem", assinala o diretor Celso Cestari. Ele diz que há pressão nos custos de insumos, como o aço, que subiu 12% no ano e o cobre, que teve alta entre 8% e 10%, mas os clientes (montadoras e sistemistas) não aceitam absorver esses aumentos.

REPOSIÇÃO
Cestari afirma que tem buscado ampliar a atuação no mercado de reposição. Atualmente, a MRS já tem 70% de seu faturamento proveniente desse segmento enquanto os 30% restantes são peças para fabricantes de conjuntos automotivos e de veículos.

A intenção da companhia é ampliar a participação das lojas e oficinas para 75% das vendas. E também passou a importar componentes da China. Hoje importo 2%. A tendência é chegar a 10% das compra da empresa".




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