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Bispo critica falta de obras de saneamento

No lançamento da Campanha da Fraternidade,
dom Pedro diz que área não dá voto a políticos

Por Camila Galvez
Vanessa de Oliveira Do Diário do Grande ABC
11/02/2016 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


No dia em que foi lançada a Campanha da Fraternidade 2016, que tem como foco o saneamento básico, o bispo da Diocese de Santo André, dom Pedro Carlos Cipollini, criticou ontem a falta de obras no setor. “Muitas vezes o político prefere construir uma ponte, um viaduto, porque sistema de esgoto não é visível, não dá voto”, afirmou, em entrevista exclusiva ao Diário.

Em missa celebrada pelo bispo na Catedral do Carmo, em Santo André, ele destacou aos católicos a necessidade de exigir do poder público que sejam feitas melhorias na área. “Precisamos exigir de quem deve fazer o saneamento”, disse ele, chamando atenção também para a responsabilidade dos cidadãos. “Esperamos que os outros façam, mas nós também somos responsáveis quando jogamos lixo no chão e nos rios. Não há ninguém que não possa colaborar e melhorar a vida das pessoas.”

O tema da Campanha da Fraternidade 2016 é Casa Comum, Nossa Responsabilidade, e o lema Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca. Segundo dom Pedro, a escolha está ligada à recuperação da dignidade da população. “Os mandamentos de Jesus Cristo dizem que devemos fazer o bem e amar o próximo. A falta de saneamento básico prejudica muitas pessoas, levando doenças e morte aos locais onde a população não tem acesso ao sistema de esgoto.”

O bispo explicou que o período da Quaresma, que começou ontem e segue até a Sexta-Feira Santa, no dia 25 de março, é o mais intenso da campanha, que deve durar até o próximo ano. “Durante a Quaresma vamos debater a mensagem, fazer reflexões, penitências, orações, visitas, simpósios, conferências e palestras. Tudo isso com o objetivo de colocar luz sobre o tema para conscientizar as pessoas.”

Dom Pedro afirmou ainda que é preciso questionar a quantidade de impostos pagos pela população e o valor revertido para obras de saneamento. Dados divulgados pelo Conic (Conselho Nacional de Igrejas Cristãs) mostram que, mesmo figurando entre as maiores economias do mundo, o Brasil tem mais de 100 milhões de pessoas sem saneamento básico. Na região, estimativa publicada pelo Diário por meio de levantamento com as prefeituras em setembro aponta que 235.238 habitantes não têm acesso à rede de esgoto. Já pesquisa realizada pelo Instituto Trata Brasil em 2015, apontou que cerca de 35 milhões de brasileiros não recebem água tratada em casa e quase 100 milhões estão excluídos do sistema de coleta e tratamento de esgoto.

“Ajudar a cuidar do planeta Terra e preservar a vida das pessoas é um ato de caridade. A Campanha da Fraternidade quer levar a cada um de nós essa responsabilidade”, concluiu o bispo. 




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