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A de Alsácia
Heloísa Cestari
Do Diário do Grande ABC
08/07/2010 | 07:00
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Divulgação


Adornada a Leste pelo Reno e a Oeste pelo Monte dos Vosges, a região da Alsácia guarda características culturais únicas, fruto das diversas invasões que resultaram na instalação dos alamanos (povo germânico ocidental) na planície local a partir do século 4. Junto com os francos, seus vencedores, eles constituíram a base da população alemã e chegaram a integrar a Alsácia ao reino da Germânia em 870.

Só em 1678 é que o famoso rei Luís XIV conseguiu tornar a região oficialmente francesa, mas por pouco tempo: com a eclosão da guerra franco-alemã de 1870, a Alsácia-Lorena voltou às mãos dos germânicos, que a manteriam sob seu domínio até a 1ª Guerra Mundial.

Final feliz para a França? Que nada! Depois disso, tropas hitlerianas ainda se apossaram da Alsácia durante a Segunda Guerra, com a proposta de germanizar a região em dez anos, e só a abandonaram no inverno de 1945, graças à ação conjunta dos exércitos norte-americano e francês.

Com tantos troca-trocas de mandante, o resultado não poderia ser outro senão uma cultura pra lá de peculiar, caracterizada pela influência de dois povos tão diferentes um do outro. Hoje, a região é famosa por suas edificações do século 16, pelos cerca de 120 quilômetros de vinhedos e pelo clima romântico dos vilarejos de suas cidades, que se comprimem em um território tão longilíneo quanto suas salsichas.

Não é por menos que sua capital, Estrasburgo, tornou-se sede do Conselho da Europa. Além de ser a prova viva da mistura de tradições e guardar um passado marcado por fortes atividades corporativas, a cidade encanta a todos com suas torres medievais, pontes cobertas e, especialmente, sua catedral, construída na Idade Média.

VINHO - Os 170 quilômetros da chamada Estrada dos Vinhos, que liga Thann a Marlenheim, é outro passeio imperdível, seja o turista apreciador ou não da bebida. Afinal, o percurso é contemplado por paisagens tão inebriantes quanto seus vinhos. A começar pelas ruínas dos castelos medievais, com suas aldeias cercadas por velhas muralhas que, hoje, ao invés de servirem de proteção contra invasores, atraem turistas curiosos para as ruelas acolhedoras de winstubs, sempre repletas de flores, para os festejos nas caves, e para os séculos de história resguardados em suas casas e igrejas romanas.

Ao longo do caminho, não deixe de visitar Ribeauville, o castelo de Haut-Koenigsbourg (erguido a 757 metros de altura) e de fazer o chamado Tour dos Ladrões pelas salas de tortura de Riquewihr, onde encontram-se edificações dos séculos 13 ao 17, como a antiga igreja de Notre Dame (século 14) e o castelo de Ducs de Wurtemberg.

Outro ponto de parada obrigatório na Rota dos Vinhos são - como não poderia deixar de ser - as vinícolas. Uma boa oportunidade de conferir os aromas e sabores únicos de seus vinhos. Em toda a França, a Alsácia é a única região que costuma denominar seus vinhos conforme a uva com a qual foram feitos, sem dar ênfase à cidade, vila ou terreno onde a fruta foi colhida.

Já Colmar e a capital Estrasburgo dão show de bom gosto em suas decorações natalinas, com direito a mercados animados e uma infinidade de luzes.

Vale conhecer a catedral em arenito rosa de Estrasburgo, com sua torre de 142 metros, e dar um passeio pelas ruas de Colmar, onde as casas em estilo enxaimel e o acervo artístico não deixam dúvidas quanto à influência da cultura alemã na cidade. É lá que se encontra o renomado Museu Unterlinden, que abriga diversas obras-primas do Renascimento, entre elas o Retábulo de Isenheim, de Matthias Grünewald.




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