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Um ano depois, chacina
continua sem solução
Por Henrique Munhos
Especial para o Diário
07/05/2011 | 07:27
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A auxiliar de serviços gerais Zanir Trindade Rodrigues, 51 anos, sofre todos os dias ao voltar do trabalho. "Quando passo nas ruas onde ela costumava frenquentar, fecho os olhos para tentar não chorar. É muito difícil, já que lembro dela em todos os momentos." Zanir se refere à filha, Jéssica Antonia Roberto Bispo, 17, uma das seis vítimas da chacina ocorrida há um ano, no Jardim Industrial, em São Bernardo.

Passados 12 meses dos assassinatos, não se sabe quem são os criminosos. De acordo com informações da Polícia Militar, foi identificado um autor, Aristeu Pereira dos Santos, que está foragido da Justiça. Porém, nenhuma informação foi passada para a família de Jéssica.

As investigações dão conta de que eram três assassinos, que desceram de um Monza preto e atiraram nos jovens. Além de Jéssica, morreram Samuel Soares dos Santos, 21, Caíque Soares Dias, 16, Robson Soares dos Santos, 22, Fernando Viana Dias, 18, e Thiago Vinicius Gonçalves, 27.

As mortes aconteceram na Rua Francisco Ferreira da Costa, que também fica no Jardim Industrial. Três jovens sobreviveram à chacina. São eles: Paulo César de Souza, 20, Emerson Heider Tavares da Silva, 20, e Esthefani Santos da Silva. Paulo, que tinha passagem pela polícia, ajudou a identificar um dos autores, mas morreu meses depois. Já Esthefani, que se mudou para Bahia depois do crime, ainda não depôs à polícia para identificar os assassinos.

Uma testemunha informou à Polícia Militar que os assassinos buscavam matar Robson Soares dos Santos, que morava no Jardim Calux, onde foi ameaçado de morte. Por esse motivo, o rapaz havia se mudado com a família para o Jardim Industrial.

Zanir Trindade Rodrigues continua desamparada. "Ainda não consigo acreditar. Minha filha não mexia com tráfico de drogas e não fazia coisa errada. Por isso, não há nenhum motivo para que a matassem", lamentou.

Segundo a mãe, Jéssica era usuária de maconha. Porém, vinha se tratando e já estava parando de usar a droga. Com 15 anos, a jovem teve seu primeiro filho, que hoje tem 3 anos e mora com a avó.

Zanir também conta que, no domingo de Dia das Mães de 2010, dia do crime, proibiu a filha de sair. "Falei que não poderia ficar com ela pois tinha de trabalhar. Mas já estava com um aperto no coração desde sexta-feira, então ordenei para que ela ficasse em casa."

Porém, Jéssica insistiu e falou que tinha de ir ao aniversário de um amigo. Quando voltou do trabalho, por volta da 0h, não encontrou a filha e ficou desesperada. Um irmão de Jéssica deu a notícia da morte, por volta de 0h50.

A delegada Liane Vitielo, 50, da Delegacia de Homicídios de São Bernardo, afirma que a demora para solucionar esse tipo de crime é comum. "Todo mundo sabe, mas ninguém fala nada por medo de sofrer represálias.Eu também não falaria. Por isso, é muito difícil esse tipo de investigação. Há um caso de São Paulo em que já se passaram 12 anos e não foi solucionado. Por isso, um ano não é um tempo tão longo assim."

 

Famílias de Santo André não têm respostas

As famílias dos quatro jovens mortos no Jardim Santo André, no dia 22 de abril, Sexta-Feira Santa, seguem sem nenhuma resposta das autoridades.

O crime aconteceu por volta das 3h. As vítimas foram Fábio Bacilieri da Rocha Carvalho, 23 anos, Luís Fernando da Silva Egea, 19, Robert Willian Rodrigues, 25, e Felipe Dias Rodrigues, 16. Nenhum deles possuía passagem pela polícia. "Se pelo menos eles tivessem alguma culpa ou algum motivo para que os matassem, a dor não seria imensa. Mas não, eram todos trabalhadores", afirmou Maria Inês da Silva Egea, mãe de Luiz Fernando.

No dia 30, cerca de 100 pessoas realizaram uma passeata para pedir justiça sobre o caso. Ao fim do ato, os familiares dos jovens se reuniram com o prefeito Aidan Ravin (PTB), que prometeu ajudar nas investigações.

Desde segunda-feira, Maria tenta retomar a vida e até voltou a trabalhar. Mas a mãe de Luiz Fernando disse que as lembranças ainda são muito fortes. "É muito duro levantar e ir trabalhar. Além disso, passo pelos locais onde ele almoçava e estudava. Choro muito todos os dias", declarou a mãe, que completou: "Não quero nem pensar em como será o meu domingo de Dia das Mães."




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