Capítulo fundamental da história do Grande ABC, a classe operária teve representação além dos pátios das fábricas, do movimento dos tornos e das lutas sindicais que acirraram o debate sobre o papel do trabalhador principalmente a partir dos anos 1970.

Com o Grupo de Teatro Forja, que nasceu em São Bernardo, em 1979, os trabalhadores das fábricas da região transformaram em arte a necessidade de discutir sua situação. A descrição completa desse período pode ser descoberta em 'Peões em Cena' (Editora Hucitec, 440 pág, R$ 48), livro que Tin Urbinatti, diretor do extinto grupo, lança hoje na Fundação das Artes (Rua Visconde de Inhaúma, 730, São Caetano. Tel.: 4238-3030), às 21h.

"O Forja nasceu com dois objetivos: fazer teatro para a classe operária e trazer ao sindicato o operário que não tinha descoberto a arte como instrumento de luta. Muitos trabalhadores estavam à margem", conta Urbinatti.

Foram diversos espetáculos; algumas tentativas de censura, que nunca deram cabo ao trabalho realizado pelo grupo; e uma comoção sem igual: ver muita gente que nunca havia visto uma peça de teatro poder ver seus problemas discutidos em cena. Um deles, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que até então só havia assistido uma peça teatral do humorista Costinha.

"O que me levou a escrever o livro é o desconhecimento de muitas pessoas que estão no teatro sobre o papel do Forja. Vinculei cada processo nosso com a realidade histórica do Brasil da época."

O lançamento está aliado à extensa programação, que tem início às 18h, com exibição de números de dança, cenas teatrais e documentário sobre as atividades do grupo.