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Magia do Deus do Trovão
Por Luís Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC
29/04/2011 | 07:03
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A fantasia havia sido deixada de lado no universo dos super-heróis. Tony Stark foi brilhante o bastante para elaborar sua poderosa armadura que o transformou no bélico Homem de Ferro e o doutor Bruce Banner carrega o fardo de se tornar o incontrolável Hulk por ter sido exposto à radiação de raios gama. A magia é reencontrada em 'Thor', que estreia hoje nos cinemas brasileiros.

O personagem nasceu com sangue real e tem poderes extraordinários que somente os deuses são capazes de controlar. O destaque do longa é que, ao contrário dos últimos filmes de super-heróis, ele passa a impressão de se estar fazendo uma grande viagem pelas páginas das HQs e não vendo apenas um novo filme de ação.

O elemento fantasioso é típico do que gira em torno do Deus do Trovão. Ele vive no reino de Asgard ao lado do irmão Loki e do pai, Odin. Prestes a ser escolhido como sucessor do trono, Thor (Chris Hemsworth) demonstra que não está preparado para ser monarca e sua arrogância faz com que seja exilado na Terra. No nosso mundo, ele conhece a doutora Jane Foster (Natalie Portman), com quem começa a aprender valores que desconhecia e que o ajudarão a se tornar o super-herói que todos conhecem.

Ao contrário de seus companheiros da luta contra os vilões, Thor é natural de um mundo completamente novo e visto como lendário para os povos nórdicos. O jovem príncipe não conta com os mesmos problemas mundanos que criam empatia de Tony Stark e Peter Parker com o público, por exemplo. Seus questionamentos são outros e chegam a ser desinteressantes, se não infantis, em certos momentos.

Leitor antigo das aventuras do protagonista, o diretor Kenneth Branagh cria uma brilhante versão de Asgard que faz justiça aos fantásticos contos que permeiam sua existência nos quadrinhos. Os efeitos especiais são bem utilizados e não deixam a sensação de que tudo o que está sendo visto na tela não existe.

O roteiro consegue manter a tensão e a cumplicidade existente entre Thor e Loki. Típica de irmãos que se amam e odeiam ao mesmo tempo. Chris Hemsworth não compromete como o personagem título e as expressões calculistas de Tom Hiddleston caem muito bem com os verdadeiros planos de Loki. A segurança do elenco se encontra no veterano Anthony Hopkins como Odin, o Pai de Todos. Sua experiência é muito bem-vinda em meio a uma trama que conta com características shakespearianas.

A falta de identificação com o protagonista acaba por transformar Thor em um longa-metragem burocrático. O importante mesmo é que ele é a peça fantástica do ousado projeto 'Os Vingadores', que irá reunir os heróis da editora Marvel em um único filme no ano que vem.


Fãs pedem mais qualidade

Os anos 2000 marcaram o início da chegada aos cinemas da nova leva de filmes de super-heróis que hoje é um dos gêneros mais poderosos no mercado de Hollywood. Mais de uma década depois, os fãs não se contentam mais em apenas se divertir vendo os personagens que acompanham nos quadrinhos ganhando vida. Todos querem ver filmes de qualidade.

'Thor' abre o calendário desta temporada, que também conta com as estreias de 'Capitão América - O Primeiro Vingador', em julho, e 'Lanterna Verde', no mês seguinte. As três produções chegam com a responsabilidade de arrecadar grandes bilheterias e agradar a todos os públicos, principalmente os fãs das artes gráficas.

"Hollywood percebeu uma mina de ouro no gênero e decidiu fazer algo melhor dessa vez. Hoje, filmes de quadrinhos também deixaram de ser novidade, e se tornaram os maiores lançamentos do cinema em todo o ano", diz Filipe Siqueira, editor-chefe do site 'Nerds Somos Nozes' e grande fã do gênero.

A principal mudança é que o universo dos quadrinhos e do cinema parece estar mais unido do que nunca. Roteiristas das aventuras nas revistinhas agora trabalham como consultores. Eles têm o dever de evitar mudanças drásticas no universo dos personagens e analisar as devidas adaptações.

Segundo Siqueira, as reivindicações de parte dos espectadores chegam a ser inconvenientes. "Muitos fanáticos terminam por fazer exigências estapafúrdias por coisas que só funcionam nas HQs, uma linguagem muito mais vanguardista e livre", analisa.

Como os principais heróis já garantiram seus filmes, o futuro desse tipo de produção parece incerto. Uma das opções das produtoras é dar mais atenção a figuras e revistinhas secundárias, principalmente aqueles que contam com roteiros mais elaborados. A torcida fica por conta de que as atrações não se estendam por mais e mais sequências que podem fazer com que a admiração pelos heróis enfraqueça.




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