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Ocara e Leões brigam pelo 1º lugar em Sto.André
Por Illenia Negrin
Do Diário do Grande ABC
08/02/2005 | 16:51
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O desfile da elite do Carnaval de Santo André teve gosto de repeteco. São grandes as chances de, a exemplo de 2004, a dobradinha Ocara Clube e Leões da Vila se repetir nos dois primeiros lugares na apuração, nesta quarta-feira.

Ocara e Leões da Vila fizeram as melhores apresentações da noite, que foi marcada pelo corre-corre dos organizadores, mais uma vez por problemas nos ônibus que levavam os integrantes das agremiações até a avenida Firestone. Os dois veículos que prestavam serviço para a Uesa (União das Escolas de Samba de Santo André) quebraram e outros carros precisaram ser alugados às pressas. Resultado: todas as escolas demoraram para entrar e a festa terminou duas horas depois do previsto, às 4h30.

Às 19h, com uma hora de atraso, a aspirante Pantera Negra entrou na avenida com enredo recheado de lenda e folclore brasileiros. Colocou Yara, mãe das águas, Saci-Pererê, Uirapuru e Negrinho do Pastoreio para sambar. Apesar de ser a primeira a desfilar, a escola conseguiu empolgar a arquibancada, que ainda estava um tanto vazia. Em seguida, outra aspirante, a Império do Parque Novo Oratório, cantou Nessa terra, se plantando tudo dá, que citou até o MST (Movimento dos Sem-Terra) na letra do samba.

O desfile do Grupo Especial, o mais aguardado pelo público de cerca de 20 mil pessoas, começou por volta das 21h30, com a Seci, que subiu no ano passado. A emoção dos cerca de 500 passistas foi o ponto alto da passagem da Seci, que cantou a história das máscaras. O carnavalesco Fernando Negreiros, que idealizou toda a apresentação e morreu em novembro, parecia desfilar junto à escola. “Saiu tudo do jeito que ele planejou”, disse o presidente Edvaldo Jatobá de Lima. No final, uma faixa homenageou Negreiros, figura conhecida em todas as cidades do Grande ABC, já que ele tinha o dedo em todas as boas rodas de samba da região.

A Mocidade Fantástica Vila Alice fez um desfile correto, mas pecou nas alegorias. O tema escolhido, Contradição na terra do sol, que trata da preservação do meio ambiente e condena as empresas que poluem os mananciais, não animou o público. Ao contrário da Palmares, que colocou todo mundo para cantar o enredo Trabalho, dignidade e união que constrói uma nação. Com um carro abre-alas digno da definição, com a figura gigante de um metalúrgico, a agremiação falou das mudanças nas formas e nas relações do trabalho. A comissão de frente, formada por garotas vestidas de gari, foi a grande surpresa da Palmares, que ainda trouxe uma réplica da favela do bairro, representando a vida difícil da comunidade e as agruras do desemprego. “O carro da favela é o nosso xodó. É a cara da Palmares”, avaliou Ednéia Maria dos Santos.

A Ocara Clube entrou na Firestone como favorita e na condição de bicampeã em 2004. “Eu sou suspeito para falar, mas estão dizendo que somos os favoritos mesmo”, afirmou o presidente, Ademar de Barros. Exibiu pela primeira vez com destaque o símbolo da escola, um índio a bordo de um minicarro-alegórico, que agora será a estrela da abertura de todos os desfiles da agremiação. Aos 49 anos de idade e ocupando o posto de idosa do Carnaval da cidade – é a escola mais antiga do ABC em atividade – a Ocara apresentou desejos, prazeres e problemas do brasileiro. Desemprego, samba, Carnaval, cerveja, educação, saúde. Tudo isso foi contemplado pelos cerca de 400 integrantes, impecavelmente vestidos com alegorias caprichadas.

A Mocidade Independente Cidade São Jorge foi a penúltima da noite e entrou na Firestone de luto pela morte do ex-presidente José Carlos Lopes, assassinado momentos antes da apresentação da escola no Carnaval do ano passado. O início do desfile emocionou amigos e parentes de Lopes, que estavam no camarote para convidados. A escola não foi bem, apesar do bom enredo e da bateria que improvisou batidas de funk para cantar A incrível viagem através do corpo humano. O segundo carro alegórico empacou bem na frente dos jurados depois de se chocar com a grade de proteção, e os outros dois pareciam mal acabados. A atual presidente, Eliana Aparecida Braida Reis, era uma das mais emocionadas, mas realista quanto às condições da agremiação, que não atravessa o melhor momento, apesar dos esforços da comunidade. “A São Jorge está voltando. Aos poucos.”

O Carnaval de Santo André terminou com a Leões da Vila, a mais aplaudida da noite, desde a hora em que foi anunciada pelo mestre de cerimônias até cruzar o portal final da Firestone. A vice-campeã do ano passado – perdeu o título para a Ocara por 1,5 ponto – apostou nas Olimpíadas para superar a adversária. Se não teve o mesmo primor técnico que a escola da Vila Guiomar, foi bem mais aplaudida e aguardada. Mesmo sendo a última a desfilar, o público não deixou a arquibancada enquanto não visse passar a ala derradeira. E os foliões foram deixando o local da festa conforme a Leões encerrava a apresentação.



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