Política Titulo Eleições
Aécio Neves busca
interromper gestão do PT

Senador chega ao dia da eleição com melhor
desempenho de tucano nas pesquisas desde 2002

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
26/10/2014 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


Ex-governador de Minas Gerais, o senador Aécio Neves (PSDB) chega ao dia da eleição no segundo turno com missão de impedir pela primeira vez a reeleição de um presidente desde a redemocratização do País. A tarefa é complicada, mas o tucano tem números favoráveis a se apegar.

Aécio conta com melhor desempenho de um político do PSDB nas pesquisas de segundo turno desde que o ex-sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva (PT) alcançou o cargo máximo do Brasil, há 12 anos. Divulgada ontem, sondagem do Datafolha indica empate técnico, com o tucano atrás numericamente da presidente Dilma Rousseff (PT) – no Ibope, a vantagem da petista está fora da margem de erro.

Em 2002, Lula venceu o então candidato do PSDB, José Serra, por 61,3% a 38,7% dos votos válidos. O líder do petismo se reelegeu quatro anos depois ao bater o hoje governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), por 60,8% a 39,2%. E emplacou Dilma em 2010, que triunfou por 56,1% a 43,9% em duelo contra Serra. Pesquisas deste ano apresentam acirramento histórico na reta final do pleito.

Desde que foi instituída reeleição no Brasil, para eleição de 1998, nunca um presidente da República deixou de renovar seu mandato. Fernando Henrique Cardoso foi eleito, no primeiro turno, para comandar o País até 2002. Lula ratificou seu governo em 2006, superando denúncias de corrupção – cujo principal caso foi o Mensalão – que atingiram o fim de sua primeira gestão.
No primeiro turno, Aécio saiu vitorioso no Grande ABC. Triunfou em números totais, recebeu 531.764 votos contra 460.680 de Dilma, e ficou à frente em quatro das sete cidades, incluindo Santo André e São Bernardo, maiores colégios eleitorais da região e municípios hoje administrados por petistas (São Caetano e Ribeirão também fecharam com o nome do PSDB).

TRAJETÓRIA
Neto de Tancredo Neves – presidente eleito em 1985, mas que morreu antes da posse –, o senador mineiro alcançou o segundo turno em caminhada inesperada, cheia de reviravoltas. Até o dia 12 de agosto, início de fato do processo eleitoral (antes o País se voltou completamente para a Copa do Mundo), Aécio estava na segunda colocação nos levantamentos eleitorais, atrás de Dilma. No dia 13 daquele mês, o então presidenciável do PSB, Eduardo Campos, morreu em acidente aéreo, em Santos.

De repente, Aécio saiu de rival direto do PT para coadjuvante numa disputa polarizada entre Dilma e a ex-senadora Marina Silva (PSB), então vice na chapa de Eduardo e que assumiu a candidatura socialista. O tucano teve pouco menos de dois meses para superar Marina, que, pela comoção com a morte de Eduardo, virou favorita na corrida presidencial.

Com estratégia de questionar ideologias e projetos de Marina, e aproveitando bombardeio desferido por Dilma contra a adversária do PSB, Aécio foi ao segundo turno. Logo de cara, contou com apoio dos presidenciáveis derrotados Eduardo Jorge (PV) e Pastor Everaldo (PSC), além da cúpula do PSB e do PPS, sigla que estava com Marina. Faltava a adesão da ex-senadora, que no primeiro turno obteve 22 milhões de votos.

Aécio saltou à liderança nas pesquisas de intenções de voto logo no início do segundo turno, mas com empate técnico configurado. E passou a ser alvo do petismo, que recorreu a escândalos do tucano no governo mineiro e comparação entre governos do PT e de Fernando Henrique Cardoso. O tucano também subiu tom de críticas. Explorou Mensalão e denúncias de desvio de dinheiro público na Petrobras. O acirramento se transformou quase em uma guerra.

Uma semana depois do primeiro turno, Marina decidiu declarar voto a Aécio, em evento organizado em São Paulo. Estado, aliás, que o senador mineiro fez questão de frequentar no segundo turno. Queria ter tucanos paulistas ao seu lado, para ampliar a votação no maior colégio eleitoral do País.

No primeiro debate direto entre petista e tucano, realizado na Rede Bandeirantes, ataques foram colocados à mesa. E escancarados em embate no SBT, marcado por baixo nível de discussão e com acusações pessoais de ambos os lados. O tom propositivo retornou aos debates da Rede Record e Rede Globo, porém o clima de rivalidade acentuada já estava colocado. 




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