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Por que Denise Johnson saiu?
Por Wagner Oliveira
Do Diário do Grande ABC
26/02/2011 | 07:30
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A saída intempestiva de Denise Johnson da presidência da General Motors do Brasil ainda não foi totalmente entendida e digerida pelo setor. O anúncio, no começo da semana, de que a executiva deixava a companhia em busca de "novas oportunidades" não é comum nesta indústria, que busca sempre uma solução mais diplomática quando algum alto representante resolve abandonar o posto.

Como a GM não explicou o motivo da saída, há várias suposições, segundo analistas do setor. Uma das mais prováveis diz respeito ao seu comprometimento de manter o cronograma de renovação de produtos no Brasil no momento em que a matriz estaria mais preocupada em conseguir dividendos para quitar sua dívida junto ao governo norte-americano.

De acordo com análises de estudiosos do setor, Denise veio para o Brasil - atualmente a terceira operação mais importante para a General Motors no mundo - por seu empenho e sucesso no processo de reestruturação da montadora, que só não faliu nos Estados Unidos porque recebeu há pouco mais de dois anos cerca de US$ 20 bilhões do governo do presidente Barack Obama.

Engenheira de formação e tendo ocupado a vice-presidência para relações trabalhistas da GM na América do Norte, era a pessoa mais indicada para comandar o processo de renovação da linha de veículos no Brasil, que, na opinião de muitos analistas, está "grisalha". "Presidentes anteriores vieram da área de finanças. Seu conhecimento de manufatura era fundamental para consolidar a mudança da linha de produtos", disse fonte ligada à GM. Se o plano desse certo, em três anos teria cumprido o seu trabalho e até se gabaritado para postos mais altos nos Estados Unidos.

"Meu desafio principal é renovar todo o portfólio em dois anos, com muitos lançamentos, e estou aqui para garantir a qualidade desses produtos. Cumpriremos nossas metas e continuaremos investindo", declarou ao Diário a executiva, em outubro.

Oito meses depois de ter chegado, o único veículo realmente novo que Denise mostrou foi a Montana, que hoje é montada sobre a plataforma do Agile. No Salão de Detroit, em janeiro, Denise parecia já não mostrar a mesma empolgação de quando chegou, no ano passado. Provavelmente foi lá que a decisão de sair foi tomada. Talvez ela não contasse mais na sede do poder da GM com o mesmo apoio de quando foi designada para assumir a presidência no Brasil, no ano passado.

Quem a nomeou foi Ed Withacre, este por sua vez encarregado pelo presidente Obama para reestruturar a GM. Só que Withacre caiu em desgraça no governo Obama por tentar adiar o programa de lançamento de ações na nova GM. No lugar dele, assumiu o atual presidente, Daniel F. Akerson.

Homem do mercado, Akerson lançou ações da GM com muito sucesso, tanto que cada uma passou de US$ 20 a US$ 33 e, atualmente, está em US$ 35. Com isso, a participação do governo norte-americano, que era de 67% na empresa, passou para cerca de 33%.

Como o debate eleitoral começa no ano que vem, o atual presidente quer chegar até lá sem nenhuma participação do dinheiro público na GM. Assim, se livraria das cobranças dos adversários e do eleitor.

Para sanear rapidamente a matriz, a filial no Brasil teria, segundo a tese mais provável, de sofrer atrasos no cronograma e ampliar a remessa de dividendos. Como Denise já tinha empenhado sua palavra no País, seria difícil voltar atrás.




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