Índice de inflação e inflação é a mesma coisa? A pergunta é pertinente em momento em que o mercado vem elevando constantemente a expectativa de vários índices de inflação e, ao mesmo tempo, as previsões para o crescimento da economia.

Depois de o BC (Banco Central do Brasil) elevar os juros básicos para 9,25% ao ano em abril, momento até o qual eles estavam parados em 8,75% desde julho de 2009, na semana passada o governo anunciou ainda um corte adicional de R$ 10 bilhões no Orçamento de 2010, com o mesmo objetivo do BC: impedir que o crescimento acelere a inflação.

Para o professor de economia da USP (Universidade de São Paulo) e ex-coordenador da Pesquisa de Preços da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) Heron do Carmo, ainda se faz muita confusão no Brasil com esses dois termos.

Na avaliação do economista, a inflação que tanto tem amedrontado os analistas do mercado financeiro e suscitado discussões favoráveis à elevação de juros está muito associada ao impacto do clima no preço dos alimentos e não, exclusivamente, ao aumento da demanda.

O sócio-diretor da Global Financial Advisor, Miguel Daoud, avalia que pior que a inflação corrente e a passada são as expectativas. Para ele, são elas que estimulam a remarcação de preços. Ele lembra que as expectativas vêm sendo elevadas há 16 semanas consecutivas na Pesquisa Focus do BC e que o processo se manteve mesmo após o aumento da taxa Selic pelo Comitê de Política Monetária (Copom), no último dia 28 de abril.

Na avaliação de Daoud, o corte de R$ 10 bilhões no Orçamento proposto pelo governo para ajudar a conter o crescimento do PIB, que segundo algumas instituições do mercado financeiro pode chegar a 8% em 2010, vai na direção do esforço do BC para conter a inflação. Ele diz que a politica fiscal é essencial neste caso e está fora do alcance do BC.