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Internet lidera revolução musical
Natane Tamasauskas
Do Diário do Grande ABC
28/01/2008 | 07:00
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Pouco mais de uma década atrás, aparelhos recheados de botõezinhos tomavam o lugar das boas e velhas vitrolas. O reinado das novas e mais modernas formas de escutar as canções preferidas, os CDs, parecia eterno. Parecia. Ledo engano.

A digitalização das músicas e sua distribuição por meio da internet, que revolucionou o mercado fonográfico ao trazer facilidade para os consumidores e dor de cabeça para os empresários, atingiu seu ápice em 2007. Este ano, os números prometem ser ainda mais impressionantes. De acordo com o Relatório da Música Digital da IFPI (Federação Internacional da Indústria Fonográfica), divulgado na última sexta-feira, as vendas de música digital ano passado cresceram 40%, movimentando cerca de US$ 2,9 bilhões no mundo. Em 2006, o faturamento foi de US$ 2,1 bilhões.

Com esse registro – que leva em conta somente os downloads feitos de maneira legal –, a música digital passa a representar 15% das receitas totais da indústria fonográfica mundial. Ano retrasado, esse número girava em torno dos 11%, enquanto que em 2003 era praticamente inexistente.

Ainda de acordo com dados da IFPI, estima-se que para cada download feito a partir de lojas on-line autorizadas, cerca de 20 faixas são “baixadas” de forma ilegal.

Os Estados Unidos, seguidos por Japão e Inglaterra, encabeçam a lista dos principais mercados desse segmento. O Brasil, que não aparece no ranking, apresentou em 2007 um aumento de 185% nas receitas com música digital, sendo grande parte dele feito por meio da telefonia celular (76%).

Se, por um lado os números incitam os empresários à comemoração, por outro, surgem dados preocupantes: só no ano passado, a venda de CDs caiu cerca de 10%, segundo a agência de notícias Reuters.

SOLUÇÕES – De olho no futuro do mercado da música, alguns artistas cederam ao formato digital e hoje colecionam números vitoriosos. Uma dessas é a cantora pop Avril Lavigne, que lidera a lista com o maior número de downloads feitos legalmente: 7,3 milhões somente da faixa Girlfriend.

Os ingleses do Radiohead, em outubro último, promoveram uma revolução na forma de divulgação e distribuição de um novo trabalho.

O álbum In Rainbows foi lançado inicialmente somente na web e, além do internauta conferir as faixas em primeira mão, pôde estabelecer um preço para o disco. A renda obtida com a iniciativa pioneira foi revertida integralmente para os músicos, que estão sem gravadora desde que deixaram a EMI, há pouco mais de dois anos.

Em terras tupiniquins as coisas não são diferentes. Em maio de 2007, o mais recente trabalho da banda gaúcha Cachorro Grande foi disponibilizado para pré-venda em um site. A prática foi inédita no País.

Na página, o download de cada faixa era vendido a R$ 1,90 e, para comprar o repertório inteiro, o internauta precisou disponibilizar R$ 16,90, um valor abaixo da média do mercado.

O mesmo aconteceu com o ex-baterista do grupo Legião Urbana, Marcelo Bonfá. Ainda mais radical, Bonfá lançou seu terceiro trabalho solo, Mobile, somente na internet. Lá, os fãs podem escolher pagar ou não pelo álbum.



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