Economia Titulo Dúvida
Balanços de quatro grandes bancos são questionados

Dieese aponta que, além da Caixa, mais instituições
também ampliaram ‘outras receitas financeiras’

Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
21/01/2014 | 07:07
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A Fenae (Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal) questionou a regulamentação brasileira em relação ao item ‘outras receitas financeiras’ dos demonstrativos de contabilidade de quatro bancos de capital aberto. Para a entidade, faltam detalhamento de quais recursos estão incluídos na seção e mais fiscalização por parte dos órgãos competentes, como o BC (Banco Central).

O questionamento ocorre após o problema em que a Caixa se envolveu e que veio à tona recentemente. A instituição financeira pública incluiu em ‘outras receitas financeiras’ saldos de contas-poupanças irregulares. “O banco errou em mostrar dinheiro dos outros como dele, e incluiu como lucro, mas isso já foi esclarecido. O problema é os outros bancos não detalharem quais são as outras receitas financeiras. É necessário mais fiscalização”, explicou a suplente no Conselho de Administração da Caixa e diretora do Sindicato dos Bancários do ABC, Maria Rita Serrano.

A discussão proposta pela Fenae tem como base estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). O levantamento aponta que, entre 2004 e 2012, enquanto a Caixa ampliou as ‘outras receitas financeiras’ em 426,9%, passando de R$ 164 milhões para R$ 866 milhões, o Santander expandiu em 3.280%, para R$ 293 milhões, o Banco do Brasil, em 772%, para R$ 1,4 bilhão, o Bradesco, em 198,6%, para R$ 994 milhões, e o Itaú Unibanco, em 18,3%, para R$ 333 milhões.

O professor de Finanças Mário Amigo, que ministra aulas na Saint Paul Escola de Negócios, Fipecafi (Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras), Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) e FIA (Fundação Instituto de Administração) diz que é impossível acreditar que instituições manchariam suas imagens com deslizes contábeis. “Tudo é auditado por terceiros e internamente, e é fiscalizado por órgãos governamentais. Muitas vezes, a norma não pede um disclosure (revelação de onde saem os valores). Mas é de bom-tom abrir e esclarecer o que tem ali se questionados (por acionistas, por exemplo).”

“O balanço do Bradesco segue as normas do BC”, disse a instituição. Já o Banco do Brasil esclareceu que não possui seção ‘outras receitas financeiras’ em suas demonstrações e segue as normas do governo. Santander deixou claro que saldos credores não entram nos resultados da instituição. O Itaú Unibanco e o BC não se manifestaram até o fechamento desta edição.
 




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