Setecidades Titulo Saúde
UPA de Mauá fica vazia
por falta de médico

Unidade da Vila Assis não tinha clínico geral ontem a tarde;
apenas um pediatra estava na unidade e atendia às crianças

Maíra Sanches
Do Diário do Grande ABC
21/07/2012 | 07:00
Compartilhar notícia


A tarde de ontem foi tranquila na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Vila Assis, em Mauá, localizada na Avenida Dom José Gaspar. Não por falta de pacientes, mas pela ausência de médicos. Apenas um pediatra estava na unidade no período e atendia às crianças. Quem precisava da avaliação de clínico geral teve de se dirigir às outras UPAs do município, na Vila Magini ou Zaíra, ou então ao pronto-socorro do bairro São João. A informação foi repassada pelas recepcionistas da unidade, inaugurada em março.

A sala de espera, que às vezes não comporta a frequência de usuários, estava vazia por volta das 15h30. Nos cerca de vinte minutos que a equipe do Diário permaneceu no local, pelo menos seis pacientes foram dispensados com a mesma justificativa. Segundo um deles, a atendente foi irônica ao explicar porque não haveria atendimento. "Ela disse que aqui só atende quando está morrendo. Eu disse que era urgente, que não estava conseguindo respirar direito por causa da bronquite. Só precisava fazer inalação", reclamou o caminhoneiro Renato Mourão, 31 anos, morador do Parque das Américas. O filho de 8 anos, que estava febril, foi atendido no local.

O comerciante Deodato Vieira, 48, ainda precisou esperar por 20 minutos até receber o aviso que ninguém o atenderia. Com pressão alta, recebeu a mesma recomendação para tentar atendimento em outras portas de urgência do município. "Cheguei e estava vazio. Até estranhei. Achei que seria rápido. Foi quando me disseram que o médico estava indo embora e o atendimento tinha sido encerrado", reclamou. O horário era próximo de 15h. Segundo atendentes, o próximo clínico geral tinha plantão marcado para começar às 19h30.

Segundo preconiza o Ministério da Saúde, as UPAs tipo 2 devem ter, no mínimo, dois pediatras e dois clínicos gerais por turno.

Prefeitura nega falta de atendimento

Mesmo com falta de atendimento denunciada por moradores e comprovada pela equipe do Diário, que também tentou passar por consulta, a Prefeitura de Mauá se defendeu com a justificativa de que, na tarde de ontem, a UPA recebeu duas ocorrências graves que ocuparam os médicos. A administração alegou que todos os atendimentos foram feitos na parte da tarde, mas com atraso por causa da gravidade dos casos urgentes.

CONTRATAÇÕES

Há dois meses a Prefeitura anunciou a contratação de 83 médicos para atuarem nas três UPAs em regime de plantão. Apenas na unidade da Vila Assis, seriam 14 clínicos e 16 pediatras. Questionada sobre o quadro incompleto de profissionais, a Prefeitura não se pronunciou.

Para 40 horas semanais, a remuneração oferecida aos médicos é de R$ 10.679, mais R$ 200 de bônus. As reclamações dos usuários sobre a falta recorrente de especialistas acontecem desde a inauguração das unidades. A primeira foi entregue em dezembro.

A situação se agravou no início de abril, quando o Hospital Nardini, até então referência em pronto-socorro, deixou de atender justamente as especialidades mais procuradas, de pediatria e clínica geral. A descentralização da rede de urgência visa ampliação da capacidade de atendimento de alta complexidade no hospital.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;