A suspensão da reforma administrativa do governo Carlos Grana (PT), em Santo André, vai criar dificuldade na transferência de recursos. As futuras secretarias de Mulheres, Esportes e Trabalho, confirmadas pelo prefeito dentro do projeto de reorganização da estrutura, ficarão travadas por tempo indeterminado. O secretário de Gabinete, Tiago Nogueira (PT), admitiu que o Paço deve enfrentar complicações na captação de verba.

Tiago exemplificou que a implantação da Pasta de Políticas para Mulheres pelo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), daria condições de propostas conjuntas, inclusive, com o governo federal. “Complica um pouco para fazer parcerias, pois São Paulo já tem (secretaria)”, disse, referindo-se especificamente à de Mulheres, que será comandada na cidade por Silmara Conchão.

Grana anunciou na sexta-feira a paralisação do projeto, que tinha previsão para entrar no Legislativo em agosto. O prefeito justificou a medida pela situação deficitária da Prefeitura, cujo rombo financeiro deve chegar, em dezembro, a R$ 140 milhões, e em resposta as manifestações populares, que reivindicam redução de cargos comissionados e nos gastos públicos. Com a criação das Pastas, o impacto orçamentário seria de R$ 12 milhões ao ano e ampliaria o quadro em mais de 200 postos.

Nas três áreas, Grana não vê pressão para abrir o cargo de secretário, que terá vencimento de R$ 12,5 mil mensais. Assessora especial no Paço, Silmara descarta entraves na relação com outros entes federativos ou adquirir financiamento. “A criação (da Pasta) não está vinculada (a dinheiro). Edital não diz respeito a isso. Mesmo sem implantação, é possível ações em parceria. Na Capital, há diálogo permanente com a Denise (Motta Dau, secretária de Mulheres da gestão Haddad).”

Para a futura titular da Secretaria de Esportes, Marta Sobral, o cancelamento da reforma “não muda” a atuação no setor – ex-jogadora de basquete tem o cargo de diretora da área, hoje atrelada à Pasta de Cultura, Lazer e Turismo. “Vamos continuar o trabalho da mesma forma”, comentou. Sem a criação, entretanto, não existiu grandes avanços em projetos em seis meses de administração.

Em 2009, o então prefeito Aidan Ravin (PTB) fez a reforma ao criar as Pastas de Segurança Pública Urbana e Trânsito e a de Gestão de Recursos Naturais de Paranapiacaba e Parque Andreense, além de implantar o Fundo Social de Solidariedade e transformar em Secretaria o núcleo de Comunicação e a Chefia de Gabinete. O impacto adicional, aprovado no quarto mês de mandato, foi de R$ 16 milhões anuais nas contas municipais com pagamento de pessoal e estrutura.