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Vendas caem, mas setor está confiante

Na semana passada, a Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção), que representa 138 mil lojas do varejo, divulgou dados

Por Cláudio Conz
15/07/2010 | 00:00
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Na semana passada, a Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção), que representa 138 mil lojas do varejo, divulgou os últimos dados da pesquisa mensal, realizada em parceria com o Ibope Inteligência. Não batemos recordes, mas, pela primeira vez, em 15 meses de crescimento contínuo apresentamos números descendentes.

O estudo concluiu que o varejo do setor apresentou queda de 5,5% em junho sobre maio. No entanto, quando comparamos junho deste ano a junho do ano passado, notamos um desempenho 6,5% superior. Se somarmos o montante de janeiro a junho, observamos que o nosso setor cresceu 8% sobre o mesmo período do ano passado. Como vemos, mesmo com as vendas caindo de maio para junho, nosso setor permanece aquecido e crescente em relação a 2009.

Acredito que o principal fator causador dessa queda nas vendas tenha sido a Copa do Mundo, já que os consumidores acabam não indo às lojas. Essa foi a principal reclamação dos lojistas no período. De maneira geral, quando analisamos o comércio brasileiro, percebemos que cerca de 70% das vendas ou do início das negociações são realizadas nos fins de semana e, como o evento não tirou as pessoas de casa, o resultado foi que as vendas diminuíram, principalmente nos dias de jogos do Brasil. Esse foi o primeiro resultado de queda, desde março de 2009.

Terminado o evento, expectativas voltam a aumentar. A pesquisa da Anamaco também revelou que os varejistas estão muito otimistas e acreditam que irão recuperar as vendas já no mês de julho. Sessenta e dois por cento deles apontam que haverá aumento de 10% a 20% no volume de vendas de materiais de construção neste mês. Para eles, alguns itens como tubos e conexões de PVC (comercializados em 87% dos pontos de venda), metais sanitários (vendidos em 83% das lojas) e interruptores, plugues e tomadas (presentes em 82% das lojas do País), devem ter aumento de venda de 10% a 15% no próximo mês.

Enquanto isso, o governo federal oficializou, no dia 29, a prorrogação da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para os itens do setor até dezembro. A medida já tinha sido anunciada em abril, pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, que atendeu a demanda dos representantes do segmento.

A prorrogação da redução do IPI tem papel fundamental no aquecimento do nosso setor. Os nossos consumidores precisam programar suas compras. Eles contratam pedreiro, pesquisam os materiais que gostariam de comprar, fazem todo o orçamento da obra para depois comprar. Isso sem falar que, durante a obra, eles ainda voltam muitas vezes ao ponto de venda porque precisam repor produtos. O governo entendeu a importância da manutenção dessa medida, pois ela beneficia, sobretudo, a parcela da população mais carente, a que tem renda familiar de até cinco salários-mínimos. O decreto é válido para a cesta básica de material de construção, ou seja, aqueles produtos imprescindíveis na construção de casa popular.

Esta medida, somada às obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e do programa Minha Casa, Minha Vida, contribui para a manutenção do aquecimento do setor. Estamos vindo de uma série de crescimentos progressivos, batendo recordes de faturamento a cada ano. Apesar da queda registrada neste mês, estamos em cenário completamente diferente do início de 2009. Não existe mais crise, e sim excelente oportunidade de desenvolvermos ainda mais o nosso setor.

Também vemos que indústrias estão fazendo investimentos pesados em aumento de produção e capacidade de entrega. O consumidor tem até dezembro para comprar materiais de construção com desconto de IPI. Ao mesmo tempo, o País se prepara para concretizar o maior programa habitacional da história e, também, para sediar os principais acontecimentos esportivos de 2014 e 2016.

O nosso setor responde muito rápido aos investimentos feitos e, além de gerar milhares de empregos, ainda treina profissionais para as vagas abertas. É só olhar para o que está acontecendo na reconstrução das cidades alagoanas destruídas pelas enchentes - nossa cadeia produtiva deve treinar e empregar de imediato 6.000 pessoas em diversas funções até o fim do ano. Além de criar oportunidades para essas famílias, nosso setor contribui para a retomada econômica nesses municípios pois, gerando emprego, geramos mais renda e as pessoas voltam a consumir, movimentando a economia local.

Por estes e outros motivos é claro que estamos otimistas com o que vem pela frente, afinal, tudo isso move a nossa locomotiva, dando-nos certeza de que teremos espaço extraordinário para crescer nos próximos seis anos.

Cláudio Conz é presidente da Anamaco (Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção), integrante do Conselho Curador do FGTS e integrante do GAC (Grupo de Avanço da Competitividade), além de conselheiro do CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social) do governo federal. E-mail presidência@anamaco.com.br




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