Automóveis Titulo
Genéricos de fora-de-estrada
Paulo Prado
Da agência Hp Press
16/06/2005 | 09:44
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Uma grama molhada em um pequeno aclive ou qualquer outro piso com menos aderência são o suficiente para se convocar a força oculta dos modelos com tração 4x2 com aparência de fora-de-estrada. E não se trata de nenhuma alavanca mecânica ou botão eletrônico no painel capazes de incluir no pacote técnico um recurso capaz de tirar o carro de uma situação mais crítica. No geral, a força vem do "ô amigo, dá pra dar um empurrãozinho aqui", o que acaba sendo também uma forma de socializar os donos desses modelos quando se arriscam a desafios mais radicais, algo muito difícil de acontecer. Longe da pretensão de encarar trilhas ou qualquer outro terreno mais acidentado, esses modelos se tornaram a coqueluche do momento obrigando as marcas a criar suas versões genéricas do segmento off-road.

A maior expressão de sucesso desse novo conceito é o Ford EcoSport, líder de venda em seu segmento. Atentas ao mercado, Volkswagen e Chevrolet acabaram de colocar no mercado as suas opções ao consumidor, o CrossFox e o Celta Off Road, reunidos aqui em um comparativo com o EcoSport, que acaba de receber mais um argumento de vendas, o motor 1.6 flexível. Os três modelos representam três níveis diferentes de soluções de manufatura para se dar à devida caracterização ao modelo. Elas também definem suas possibilidades e recursos para encarar estradas mais esburacadas e o nível de expectativa do consumidor.

O EcoSport, pode-se dizer, é o que está mais próximo do conceito original. Apesar de ter sido criado a partir da plataforma do novo Fiesta, o EcoSport traz um conjunto de soluções próprias e não lembra em nada seu parentesco com o modelo hatch derivado da saga do Projeto Amazon. A carroceria tem design moderno e lembra muito o verdadeiro conceito de SUV, como o estilo e a boa altura livre do solo.

O CrossFox, embora tenho sido construído sobre a mesma carroceria da versão hatch, recebeu mudanças específicas como a elevação da altura livre do solo e a colocação de acessórios exclusivos, como a parte frontal e o suporte do estepe na tampa traseira. Já o Celta Off Road é fruto de uma receita mais emergencial na qual acessórios foram agregados ao modelo original em busca da tão falada aparência. Ao contrário dos outros dois, a linha de acessórios do Celta Off Road (o kit custa R$ 2.900,00) pode ser aplicada a quase todas a versões de idade do carro, uma vez que o modelo Off Road não recebeu qualquer alteração na sua estrutura.

O resultado desses três níveis de caracterização pode até passar a imagem que se busca, que é a de estar dirigindo um modelo fora-de-estrada. Mas trazem igualmente níveis de satisfação e eficiência diferentes ao usuário. De um modo geral, o EcoSport se tornou o objeto de desejo desse segmento. Mas o acabamento interno pouco refinado e o espaço do porta-malas, por exemplo, estão fazendo com que muitos consumidores não renovem sua paixão inicial pelo modelo na hora de trocar de carro. Como muitos dos consumidores vieram exatamente das peruas e sonhavam encontrar o ambiente luxuoso dos SUV, a decepção foi inevitável.

O visual do CrossFox está fazendo muita gente se derreter de paixão e o interior traz um acabamento mais requintado, além de soluções que combinam muito bem com esse conceito que é a enorme quantidade de porta-trecos. Mas a tampa do porta-malas, modificada para acomodar o estepe, detalhe rico na construção da sua imagem, faz muito barulho por conta do peso do estepe e tende a aumentar com a idade do carro.

Já o Celta, como não recebeu nenhuma modificação na sua estrutura ou na suspensão para suportar o peso dos acessórios é como se o carro andasse sempre com um passageiro a mais. Tirando a adoção das rodas de 14 polegadas, o carro continua com a mesma altura livre do solo do modelo normal. Com isso, o quebra mato-mato diminuiu ainda mais o ângulo de ataque fazendo o carro raspar facilmente ao passar por obstáculos simples como as valetas em saída de garagem.

Internamente o Celta não sofreu qualquer mudança e consegue ser mais espartano do que EcoSport e CrossFox. Todos os equipamentos se encaixam sem que seja necessário qualquer tipo de furação extra. E tem outro detalhe importante nisso tudo: o Celta Off Road, ao contrário do EcoSport e do Cross Fox, não chama a atenção na rua. Só mesmo prestando muita atenção é que se nota a diferença da adoção dos acessórios off-road. Para quem quer exatamente ser visto, isso é uma forte decepção.

Combustível e motorização – Os motores flexíveis estão crescendo em participação e no caso dos fora-de-estrada genéricos a Volkswagen saiu na frente com o CrossFox que logo de cara veio ao mercado na versão 1.6 Total Flex. A Ford, incomodada pela boa aceitação do CrossFox, acelerou para lançar a versão Flex para o EcoSport que aposentou de vez o motor que anda só com gasolina. Já o Celta Off Road chegou trazendo motor 1.4 movido apenas à gasolina.

Veículos com altura do solo elevada como é o caso do EcoSport e do CrossFox tendem a apresentar um desempenho inferior aos demais em curvas. O EcoSport nesse ponto é bem melhor do que o CrossFox. É mais estável, transmite segurança e passa a sensação de estar mais no chão. Já o CrossFox exige um pouco mais de cautela, escapa um pouco e exige um pouco de malicia de quem dirige. O Celta, com a adoção dos pneus de perfil maior e mais largo, superou o desempenho nas curvas, mas em velocidades elevadas o carro se mostra um pouco instável. Eco e do CrossFox se mostraram bem mais confiáveis passando segurança para quem dirige mesmo em alta velocidade.



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