“A vontade de cantar para o papa supera todas as dificuldades.” É dessa forma que o maestro do Coral das Comunidades de Mauá, João Aletto, justifica tanta animação mesmo dentro do vagão de trem lotado.

Ele e mais 80 vozes da cidade foram neste sábado pela manhã ao último ensaio para o coral que reunirá 1,2 mil pessoas que cantarão para o papa Bento XVI na missa de canonização do frei Galvão, no Campo de Marte, zona Norte da Capital, na próxima sexta-feira.

Eles se reuniram às 7h na estação de trem de Mauá e de lá seguiram para a paróquia Sant’Anna, no bairro de Santana, em São Paulo. A vontade de cantar é tanta que algumas mulheres começaram o ensaio ainda no trem, com o hino de acolhida ao papa Bento XVI.

O grupo chegou às 8h30 na paróquia e juntou-se aos demais corais. Uma das mais empolgadas era Edna Pazini Santoia, 50 anos. “Estou me sentindo honrada, mas ao mesmo tempo tensa. Vai ser difícil segurar a emoção durante a semana”, diz sorrindo.

A dona de casa Sueli Augusto, 54 anos, se dizia emocionada, mas não tanto quanto em 1980, quando cantou para o papa João Paulo II. “Ainda não me acostumei com esse novo pontífice”, diz.

O grande coral é formado, em sua maioria, por pessoas com idade acima de 50 anos. Um pouco perdida na multidão, a estudante Juliana Evelin Oliveira Martins, 16 anos, dá a última conferida na música antes de cantar. “Espero que o papa consiga fazer com que os jovens vejam a realidade e percebam que a Igreja é um bom caminho”, espera.

Assim que o maestro Ricardo Mielli chega ao altar, pede para as vozes femininas – sopranos e contraltos – ficarem nos bancos da frente e as masculinas – baixos e tenores – na parte de trás da paróquia, que ficou apertada para tantos fiéis. Ele espera a Orquestra Sinfônica do conservatório Dramático e Musical de São Paulo se arrumar e dá um aviso. “Fiquem sentados, pois o ensaio vai longe.” Mas não adianta. No primerio acorde todos se levantam e cantam como se o papa estivesse lá.